Gabriela Barros foi demitida após adotar tranças em cabelo. Foto: reprodução

A jovem Gabriella Barros, negra de 21 anos, entrou com uma ação na Justiça do Trabalho de Alagoas contra a empresa onde trabalhou como vendedora em Maceió. Ela alega ter sido discriminada por usar tranças no cabelo e pede indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil. O caso ocorreu entre outubro de 2024 e abril de 2025, quando Gabriella atuava em uma empresa de consórcios e cartas de crédito.

No dia 24 de março, Gabriella recebeu um ultimato de sua chefe, que afirmou ser “regra da empresa” não permitir tranças. Em áudio obtido pelo UOL, a mulher diz: “Nem venha com essa trança, tô te avisando”. Em outro trecho, ela completa: “Se você disser assim: ‘Pô, para mim realmente não dá para eu tirar o cabelo, é o meu estilo, eu quero ficar com o cabelo’ não tem nenhum problema. Mas aqui na minha empresa, eu não aceito”.

A chefe ainda criticou o estilo de vestir da funcionária: “Se você tivesse um estilo mais social, eu ainda aceitaria seu cabelo, mas você não tem um estilo social”.

Gabriella já havia sido advertida no início do contrato sobre as tranças e, na ocasião, as removeu. Porém, semanas depois, ao adotar outro estilo, decidiu não ceder novamente.

Além da indenização por danos morais, a ação trabalhista pede o pagamento do FGTS e da multa de 40% pela demissão sem justa causa. O advogado Pedro Gomes, que representa Gabriella, argumenta que a exigência da empresa é discriminatória.

“Nota-se que a reclamada nutria realmente um profundo ódio, não apenas queria arrancar a reclamante de seu quadro de funcionários, como ainda queria a prejudicar, tentando induzi-la a erro para que suas verbas rescisórias fossem suprimidas”, diz a petição.

Durante o aviso-prévio, Gabriella foi realocada para funções sem contato presencial com clientes, o que a defesa interpreta como uma tentativa de escondê-la. “O cabelo é significativo na construção da identidade do homem e da mulher negra, e é um direito do indivíduo apresentar-se com cortes de cabelo que remetam às origens de seu povo”, defendeu o advogado.

Ao compartilhar o caso no Instagram, Gabriella recebeu apoio de centenas de pessoas. A discussão sobre discriminação racial relacionada a penteados afro ganhou força, relembrando casos semelhantes que já chegaram aos tribunais brasileiros.

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Last Update: 17/05/2025