
Produtores de erva-mate interromperam um evento da secretária-geral da Presidência da Argentina, Karina Milei, nesta sexta-feira (30), em Oberá, na província de Misiones. A irmã do presidente Javier Milei, e intitulada por ele como “primeira-dama”, foi recebida com protestos durante uma agenda política em apoio a candidatos do partido La Libertad Avanza (LLA) às eleições locais de 8 de junho.
Os manifestantes, indignados com a crise no setor ervateiro, gritaram palavras de ordem e atiraram folhas de erva-mate contra apoiadores do governo. “Milei, lixo, você é a ditadura”, cantaram durante o protesto.
Karina havia adiado uma visita anterior a Misiones na semana passada alegando gripe, mas retomou a agenda nesta sexta-feira com eventos em Oberá e Posadas, acompanhada pelo deputado Martín Menem e pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich.
Yerbateros de Misiones le dan la “bienvenida” a Karina MiIei en el centro de Oberá 😘🤩🥰😍
Vía @DanteForesi pic.twitter.com/rn4M5kSnVo
— Gabriel Castro (@GabrielCastroOK) May 30, 2025
O ato no Centro Cívico de Oberá, no entanto, foi marcado pelo protesto de produtores e trabalhadores rurais que tentavam alertar sobre o colapso do setor.
O clima esquentou com troca de insultos entre manifestantes e apoiadores do governo, incluindo gritos de “Vão para a merda, filhos da p*”.
Em vídeos que viralizaram nas redes sociais, um grupo chega a confrontar o ativista libertário Iñaki Gutiérrez com frases como: “O que foi, porteño? Isso aqui é o interior, isso não é Buenos Aires, filho da p*”. “Porteño” é um termo usado na Argentina para se referir às cidades portuárias, como a capital.
Crise no setor ervateiro
A produção argentina de erva-mate despencou mais de 30% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior. A situação é crítica em Misiones e Corrientes, principais regiões produtoras, onde muitos agricultores deixaram de colher devido à falta de rentabilidade.
Cristian Klingbeil, líder dos produtores rurais de Misiones, alertou que a crise era previsível: “Ia chegar o momento em que as pessoas optariam por não colher porque não sobra nada. Não há movimento, não há erva circulando”. Ele explicou que muitos preferiram não arriscar prejuízos trabalhistas e deixaram as plantas intocadas para melhor recuperação.
O incidente ocorre em meio à campanha eleitoral em Misiones, onde o governo tenta fortalecer sua base política. Patricia Bullrich participaria em seguida de um evento em Posadas para reforçar o apoio aos candidatos governistas.