O embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, de cabeça baixa, com a mão na frente do rosto, chorando
O embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour – Reprodução

O embaixador da Palestina na ONU, Riyad Mansour, comoveu os presentes no Conselho de Segurança das Nações Unidas nesta quarta-feira (28) ao chorar durante um discurso sobre a crise humanitária na Faixa de Gaza. Em um momento de forte emoção, ele bateu na mesa e chorou ao relatar a morte de milhares de crianças palestinas em meio à ofensiva militar israelense.

Mansour destacou o caso da médica Alaa al-Najjar, que recebeu no hospital onde trabalhava os corpos carbonizados de nove de seus dez filhos. As crianças tinham entre sete meses e 12 anos de idade. “É um horror que a mente não compreende, que o coração não suporta”, afirmou o diplomata.

Desde a retomada da ofensiva de Israel contra Gaza, em março deste ano, mais de 1.300 crianças palestinas foram mortas e cerca de 4 mil ficaram feridas, segundo o embaixador. “São crianças. Crianças… Crianças! Dezenas de crianças estão morrendo de fome. Há imagens de mães abraçando os corpos dos filhos, acariciando os cabelos deles e pedindo desculpas”, declarou ele, visivelmente emocionado.

Ao lembrar que é avô, o embaixador se emocionou ainda mais: “Sei o que eles significam para suas famílias. Ver isso acontecer com os palestinos, e ninguém fazer nada, é insuportável”.

A atual guerra teve início em 7 de outubro de 2023, após um ataque do Hamas a comunidades no sul de Israel, que resultou em 1.200 mortes e 251 sequestros. Desde então, a resposta militar de Israel já causou mais de 54 mil mortes de palestinos, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo grupo Hamas. Grande parte da Faixa de Gaza foi devastada.

Durante a mesma sessão na ONU, o diretor da agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, criticou o novo modelo de entrega de ajuda humanitária implementado por Israel. O sistema é controlado pelo Exército israelense e substitui as agências da ONU por uma organização chamada Gaza Humanitarian Foundation (GHF), apoiada pelos Estados Unidos.

“O modelo de distribuição de ajuda proposto por Israel não está alinhado com os princípios humanitários fundamentais”, declarou Lazzarini em coletiva em Tóquio.

O novo sistema tem provocado caos e violência. Um palestino morreu e mais de 40 pessoas ficaram feridas durante uma entrega de alimentos desorganizada. Com a crise humanitária se agravando, muitos palestinos estão invadindo centros de distribuição em busca de comida, como ocorreu recentemente em Rafah, no sul de Gaza.

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Last Update: 29/05/2025