
Na segunda-feira, 28 de abril, 31 imigrantes foram flagrados no centro de detenção Bluebonnet, localizado na cidade de Anson, no centro do Texas (EUA), formando a palavra ‘SOS’ com os próprios corpos, como forma de pedir ajuda. As imagens só foram divulgadas na quarta-feira, 30 de abril.
Os detidos, em sua maioria venezuelanos, estão sob custódia do governo dos Estados Unidos. Muitos foram recentemente acusados de integrarem a gangue venezuelana Tren de Aragua, o que os torna passíveis de deportação. Porém, familiares e advogados afirmam que as acusações não têm fundamento. Alguns deles, inclusive, foram colocados em um ônibus para deportação no dia 18 de abril, segundo a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) e familiares. A Suprema Corte estadunidense bloqueou temporariamente a medida, forçando o retorno dos detentos ao centro.
A denúncia de más condições e insegurança no centro gerou comoção. Os homens usavam macacões vermelhos, o que, segundo o sistema prisional norte-americano, indica classificação de alto risco. Um avião e um drone foram utilizados pela Reuters para sobrevoar o local e obter as imagens, já que o acesso direto à instalação foi negado pelas autoridades.
Entre os detentos está Diover Millan, de 24 anos, transferido para Bluebonnet após ser preso na Geórgia. Ele é acusado de ser membro documentado do Tren de Aragua, mas o governo não apresentou provas. Outro caso semelhante é o de Jeferson Escalona, de 19 anos, detido após fugir de uma abordagem policial. Ele nega qualquer envolvimento com gangues e afirma ter sido policial na Venezuela.

Familiares relataram que os detentos vivem em constante tensão, com medo de serem levados para El Salvador — país para o qual muitos não têm qualquer vínculo e seu provável destino. Alguns passaram a dormir em revezamento para evitar serem levados de surpresa durante a madrugada. Outros, com medo, chegaram a se recusar a sair para o pátio.
As condições dentro do centro também foram questionadas. Millan relatou à esposa que tem dormido para evitar sentir fome, já que as refeições são escassas. A empresa responsável pela administração do local, a Management and Training Corporation, rebateu, dizendo que o cardápio segue padrões nutricionais certificados. Ainda assim, relatos semelhantes foram confirmados por familiares de outros detentos.
Em 26 de abril, um funcionário do setor de imigração conversou com os detidos no dormitório de Escalona. Em gravação obtida pela Reuters, os homens, em tom desesperado, questionavam o porquê de serem deportados como “inimigos estrangeiros”, mesmo sem antecedentes criminais. O funcionário explicou que a base legal da deportação seria a Lei de Inimigos Estrangeiros, o que anularia suas audiências normais de imigração.
Centenas de milhares de venezuelanos chegaram aos EUA nos últimos anos em busca de refúgio, fugindo da crise econômica e da repressão política. Muitos conseguiram proteção temporária durante o governo Biden, mas essas garantias vêm sendo revogadas sob a nova administração republicana. Desde então, ativistas e advogados têm se mobilizado para oferecer apoio jurídico aos detentos e garantir que seus direitos sejam respeitados.
Veja o vídeo:
Venezuelanos em centro de detenção no Texas soletram "SOS" para o drone da Reuters. Os supostos membros de gangues dizem temer serem presos em El Salvador.
Vítimas inocentes ou criminosos em busca de compaixão? pic.twitter.com/lW45meIQ9a
— 🌻Andrea Borghesi 🇮🇹🇧🇷🇦🇺 (@AndreaBorghesi7) April 30, 2025
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