Jair Bolsonaro em entrevista à CNN Brasil. Foto: reprodução

Prestes a ser condenado pela trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um apelo público pela restituição de seu passaporte durante entrevista à CNN na última terça-feira (15). O documento foi retido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em fevereiro de 2024, como medida para impedir sua saída do país enquanto responde por investigações relacionadas a tentativa de golpe de Estado.

Agora, Bolsonaro que ainda acha que é presidente alega que precisa viajar aos Estados Unidos para negociar com Donald Trump a revogação das tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano a produtos brasileiros.

“Me restitua [o passaporte] que eu converso”, disse Bolsonaro, tentando se reposicionar politicamente diante da crise. No entanto, o pedido é considerado inviável, já que a retenção do passaporte visa justamente evitar sua fuga do país.

Além disso, a proposta de mediação é vista como desconexa da realidade, uma vez que Bolsonaro não ocupa mais cargo oficial e os EUA mantêm relações diplomáticas formais com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O ex-presidente insinuou que, se ainda estivesse no poder, conseguiria um acordo semelhante ao obtido pela Argentina, que recebeu isenções parciais nas tarifas sob o governo de Javier Milei. “Se eu fosse presidente, a negociação estaria parecida com a da Argentina: lá, o Milei conseguiu taxa zero para 80% do exportado e, para os 20% restantes, algo em torno de 10%”, afirmou.

Enquanto Bolsonaro tenta se apresentar como mediador, sua família é apontada como uma das responsáveis pelo atual desgaste nas relações Brasil-EUA.

Seu filho, Eduardo Bolsonaro, licenciado do mandato e vivendo nos Estados Unidos, tem atuado junto a parlamentares republicanos para pressionar por sanções contra o Brasil. A estratégia, segundo analistas, visa minar o governo Lula e fortalecer a narrativa de perseguição política.

A tensão também se reflete em disputas internas no bolsonarismo. Eduardo Bolsonaro atacou publicamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), acusando-o de ser “servil às elites” após este tentar negociar diretamente com a embaixada dos EUA, sem consultar o clã Bolsonaro. “O Tarcísio utilizou os canais errados. O filho do presidente está nos Estados Unidos e tem acesso à Casa Branca”, disse Eduardo à Folha de S.Paulo.

Tarcísio, por sua vez, rebateu as críticas, afirmando que está focado nos interesses econômicos de São Paulo. “Estou olhando para SP, para o setor industrial, para a nossa indústria aeronáutica, de máquinas e equipamentos, para o nosso agronegócio, empreendedores e trabalhadores”, declarou.

 

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Last Update: 16/07/2025