Jair Bolsonaro, ex-presidente e réu por golpismo, e Alexandre de Moraes, ministro do STF. Foto: reprodução

Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou o monitoramento da rotina do ministro Alexandre de Moraes. Segundo o militar, que foi ajudante de ordens do governo de extrema-direita, o objetivo era verificar possíveis encontros entre Moraes e o então vice-presidente Hamilton Mourão no final do mandato.

Cid, que atualmente colabora com a Justiça como delator, afirmou que “era comum” o ex-presidente pedir o acompanhamento de adversários políticos.

“Por várias vezes, o presidente recebia algumas informações de que aliados políticos estariam se encontrando com adversários políticos. Então, foi comum a gente verificar se isso era verdade ou não”, declarou.

O militar ainda explicou que essas ações não envolviam técnicas sofisticadas de inteligência, mas sim consultas à Força Aérea ou à agenda pública dos ministros.

Cid ainda ressaltou que era comum que os aliados de Bolsonaro, então presidente, fossem designados ao monitoramento de adversários políticos.

Participação direta na minuta golpista

Além do monitoramento, Cid revelou detalhes sobre o envolvimento de Bolsonaro na elaboração do documento que ficou conhecido como “minuta do golpe”. Segundo seu depoimento, o ex-presidente não apenas recebeu e leu o texto que propunha medidas autoritárias para anular as eleições de 2022, mas também fez alterações específicas no conteúdo.

“De certa forma, ele (Bolsonaro) enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria como preso”, afirmou Cid ao ministro relator. A minuta circulou entre aliados do ex-presidente após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva e detalhava ações para mantê-lo no poder contrariando o resultado das urnas.

O depoimento de Mauro Cid ocorre no âmbito das investigações sobre a chamada “trama golpista”, conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes. O militar foi o primeiro réu do Núcleo 1 do inquérito a ser interrogado pelo ministro e agora atua como colaborador da Justiça.

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Last Update: 09/06/2025