
Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (9), o tenente-coronel Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) solicitou o monitoramento da rotina do ministro Alexandre de Moraes. Segundo o militar, que foi ajudante de ordens do governo de extrema-direita, o objetivo era verificar possíveis encontros entre Moraes e o então vice-presidente Hamilton Mourão no final do mandato.
Cid, que atualmente colabora com a Justiça como delator, afirmou que “era comum” o ex-presidente pedir o acompanhamento de adversários políticos.
“Por várias vezes, o presidente recebia algumas informações de que aliados políticos estariam se encontrando com adversários políticos. Então, foi comum a gente verificar se isso era verdade ou não”, declarou.
O militar ainda explicou que essas ações não envolviam técnicas sofisticadas de inteligência, mas sim consultas à Força Aérea ou à agenda pública dos ministros.
Cid ainda ressaltou que era comum que os aliados de Bolsonaro, então presidente, fossem designados ao monitoramento de adversários políticos.
🚨🇧🇷URGENTE: Mauro Cid nega ter recebido ordens de Jair Bolsonaro para monitorar o relator do caso, Alexandre Moraes.
Segundo ele, Bolsonaro pediu apenas que confirmasse uma possível reunião entre o ministro e o general Mourão. pic.twitter.com/uM9gYxdZB4
— Leo Kasura (@LeoKasura) June 9, 2025
Participação direta na minuta golpista
Além do monitoramento, Cid revelou detalhes sobre o envolvimento de Bolsonaro na elaboração do documento que ficou conhecido como “minuta do golpe”. Segundo seu depoimento, o ex-presidente não apenas recebeu e leu o texto que propunha medidas autoritárias para anular as eleições de 2022, mas também fez alterações específicas no conteúdo.
“De certa forma, ele (Bolsonaro) enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor (Alexandre de Moraes) ficaria como preso”, afirmou Cid ao ministro relator. A minuta circulou entre aliados do ex-presidente após sua derrota para Luiz Inácio Lula da Silva e detalhava ações para mantê-lo no poder contrariando o resultado das urnas.
O depoimento de Mauro Cid ocorre no âmbito das investigações sobre a chamada “trama golpista”, conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes. O militar foi o primeiro réu do Núcleo 1 do inquérito a ser interrogado pelo ministro e agora atua como colaborador da Justiça.