
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, se manifestou sobre a medida anunciada pelo governo americano nesta quarta (28) que suspende visto a autoridades estrangeiras acusadas de “censura”. Durante audiência da Comissão das Relações Exteriores e de Defesa Nacional na Câmara dos Deputados, o chanceler disse que o interesse nacional está “em primeiro lugar”.
“Em relações a questões de ingerência no Brasil, quero relembrar palavras do Barão do Rio Branco: O Brasil não tem alianças, parcerias incondicionais —o principal é o interesse nacional, que está sempre em primeiro lugar”, disse Vieira ao ser questionado pelo deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP) sobre a “ingerência dos Estados Unidos” sobre o Brasil.
Ele demonstrou preocupação com a suspensão dos documentos para alunos de universidades americanas, mas apontou que a concessão de vistos “é uma política de cada estado”. Vieira aponta que os países não podem se recusar a conceder documentos para reuniões multilaterais, no entanto.
“Os vistos para participantes em reuniões multilaterais, como as Nações Unidas e a OEA, os acordos de sede obrigam o país a conceder, portanto, isso não acontecerá. Agora, a questão de conceder visto é única e exclusivamente da alçada do país que emite o visto e acho que por isso é muito importante termos uma exigência de visto para muitos países. Mas isso é uma decisão soberana de cada país”, prosseguiu.
O chanceler ainda rebateu questionamentos feitos pelo deputado federal bolsonarista Marcel Van Hattem (Novo-RS) sobre um suposto distanciamento entre o Brasil e os Estados Unidos. Segundo Vieira, o governo Lula contatou o secretário de Estado, Marco Rubio, assim que foi nomeado ao cargo.
“Tão logo foi anunciado o nome dele, escrevi uma carta me colocando à disposição para tratar com ele, me encontrar sempre que fosse necessário e tratarmos dos temas de interesse do Brasil”, acrescentou. Ele diz que nunca recebeu uma resposta do gabinete do secretário, mas isso não significa “que não haja diálogo”.
Vieira foi convocado pela comissão para falar sobre a concessão de asilo diplomático à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, que veio ao Brasil por questões humanitárias, enquanto sofria com problemas de saúde.