O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, em audiência com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Foto: Reprodução

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro manteve a “chama acesa” sobre o golpe de Estado para estimular seus apoiadores. O militar, ex-ajudante de ordens do líder de extrema-direita, relatou ter recebido centenas de mensagens de bolsonaristas cobrando uma ruptura institucional no fim de 2022.

Em audiência com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 21 de novembro de 2024, Cid relatou que os apoiadores de Bolsonaro enviavam mensagens diariamente “enchendo o saco”.

“Ele tinha a esperança de que, até o último momento, fosse aparecer uma prova cabal de que houve fraude nas urnas. E aí todo mundo veria, teria aquele povo na rua, mobilização e as Forças Armadas então… Eu acho que isso era o que se passava na cabeça do presidente no tempo em que eu estava com ele”, contou.

O militar diz que os bolsonaristas “mais radicais” enviavam mensagens perguntando se “não vai acontecer nada?” ou se não iriam “virar a mesa?”. Outros eram “medianos”, não concordavam com o golpe, mas também não queriam que o movimento fosse interrompido. Os mais “conservadores” pediam para que o então presidente desistisse da iniciativa e se declarasse líder da oposição ao governo Lula.

Uma das mensagens foi enviada pelo militar da reserva Aparecido Portela. Em 26 de dezembro de 2022, ele afirmou: “O pessoal que colaborou com a carne está me cobrando se vai ser feito mesmo o churrasco”. Em resposta, Cid diz: “Vai sim, ponto de honra. Não está acabado ainda da nossa parte”.

O ministro questionou se a mensagem se tratava de um código sobre “golpe” e o financiamento dos golpistas. Cid confirmou: “Isso. É nesse sentido”. Segundo o delator, o “pessoal do agro” financiou a permanência de golpistas em quartéis-generais do Exército.

“Eles estavam nessa angústia de esperar que fosse dado um golpe, de esperar que o presidente assinasse um decreto e as Forças Armadas fizessem alguma coisa”, afirmou. O tenente-coronel ainda disse que o ex-presidente “dava esperanças” aos golpistas.

Moraes liberou a divulgação dos vídeos da audiência nesta quinta (20). Cid foi interrogado após a investigação da trama golpista encontrar provas que desmentiam suas declarações no acordo de delação premiada. Na ocasião, o ministro apontou diversas omissões e contradições do ex-ajudante de ordens.

A audiência foi marcada após a Procuradoria-Geral da República (PGR) e a Polícia Federal solicitarem a revogação do acordo e a prisão de Cid. Após o interrogatório, Moraes decidiu manter os benefícios.

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Last Update: 20/02/2025