O governo da Venezuela repudiou duramente a decisão dos Estados Unidos de dobrar a recompensa pela prisão de Nicolás Maduro.
A nova cifra, anunciada nesta quinta-feira (7), chega a US$ 50 milhões — cerca de R$ 272 milhões — e é a maior recompensa da história oferecida por Washington, superando até mesmo o valor destinado a Osama Bin Laden após os atentados de 11 de setembro.
Para Caracas, trata-se de uma “cortina de fumaça ridícula” e parte de uma ofensiva propagandística do ex-presidente Donald Trump, que tenta se reeleger em meio a sucessivas crises internas.
“O show é uma piada, uma distração desesperada de suas próprias misérias. A dignidade da nossa pátria não está à venda”, escreveu o chanceler venezuelano, Yván Gil, em mensagem publicada no Telegram.
O governo classifica a medida como parte de uma perseguição sistemática contra Maduro e rejeita qualquer legitimidade da acusação de “narcoterrorismo”, feita por Washington desde 2020.
A Venezuela também lembra que os EUA não reconhecem o resultado das eleições de 2024, vencidas por Maduro, e seguem apoiando o opositor Edmundo González Urrutia como “presidente legítimo”.
A recompensa bilionária foi anunciada em vídeo pela procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, que voltou a acusar Maduro de liderar redes de tráfico internacional, usando supostas conexões com grupos como o Tren de Aragua, o cartel de Sinaloa e o Cartel de los Soles.
A DEA afirma ter apreendido 30 toneladas de cocaína ligadas ao governo venezuelano, sendo sete toneladas supostamente atribuídas ao próprio presidente. Além disso, mais de US$ 700 milhões em bens de Maduro já teriam sido confiscados, incluindo jatos e veículos de luxo.
Bondi declarou que, “sob a liderança do presidente Trump, Maduro não escapará da Justiça”, afirmando ainda que a droga exportada da Venezuela seria misturada com fentanil, responsável por milhares de mortes nos EUA.
O secretário de Estado Marco Rubio endossou o discurso, alegando que Maduro “sufocou a democracia” e que sua reeleição foi fraudulenta. Ao mesmo tempo, a Casa Branca mantém interlocução com Caracas para libertar cidadãos norte-americanos presos na Venezuela — dez foram libertos no último mês, com mediação de El Salvador, em negociações diretas com altos funcionários chavistas.