A Venezuela denunciou as recentes provocações do presidente da Guiana, Irfaan Ali, classificando-o como o “Zelensqui do Caribe”, em referência ao papel de fantoche do presidente ucraniano diante do imperialismo norte-americano e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A postura de Ali, que busca provocar um conflito regional em favor dos interesses da ExxonMobil e do Departamento de Estado dos EUA, reflete uma escalada artificial da disputa sobre o território de Essequibo, região historicamente reivindicada pela Venezuela.

A tensão aumentou após acusações de Georgetown (capital da Guiana) de que um navio militar venezuelano teria entrado em águas guianenses e se aproximado de uma plataforma petrolífera. O governo da Venezuela refutou essa alegação, afirmando que sua embarcação realizava patrulhamento em águas pendentes de delimitação. Caracas (capital venezuelana) também expôs que, por meio de imagens de satélite, constatou a presença de 28 navios estrangeiros de perfuração e transporte de petróleo operando ilegalmente na região.

A estratégia da Guiana segue um roteiro já conhecido: assim como o regime ucraniano sob Zelensqui, Georgetown se ampara no apoio das potências imperialistas, buscando legitimar sua entrega dos recursos naturais do país a monopólios estrangeiros. Washington, como esperado, entrou na questão para reforçar sua ofensiva contra o governo venezuelano, acusando Caracas de ameaçar as instalações da ExxonMobil e alertando que novas “provocações” terão consequências. O Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA reafirmou a posição imperialista de que Essequibo pertence à Guiana, tentando impor, mais uma vez, um tratado fraudulento de 1899 que favorece os interesses britânicos e norte-americanos.

A Organização dos Estados Americanos (OEA), sob o comando do agente do imperialismo Luis Almagro, também condenou a Venezuela, cumprindo seu papel histórico de sabujo dos interesses dos EUA na América Latina. A OEA tem sido uma peça fundamental na legitimação de golpes de Estado e intervenções imperialistas na região, desde o golpe na Bolívia em 2019 até o apoio às operações desestabilizadoras contra Cuba, Nicarágua e a própria Venezuela. Sua intervenção na questão de Essequibo demonstra mais uma vez que a organização atua como um braço do Departamento de Estado norte-americano.

A disputa por Essequibo não é nova. O território de 160 mil km² foi arbitrariamente concedido à Grã-Bretanha em 1899, em um laudo que nunca contou com a presença da Venezuela e foi elaborado exclusivamente para beneficiar o domínio colonial britânico na América do Sul. A Venezuela sempre rejeitou essa decisão e, em 1966, o Acordo de Genebra estabeleceu que a delimitação deveria ser resolvida de forma negociada. No entanto, desde 2015, com a descoberta das gigantescas reservas de petróleo pela ExxonMobil, a Guiana passou a sabotar qualquer tentativa de negociação e aprofundou sua submissão ao imperialismo, concedendo concessões a multinacionais norte-americanas.

Essa política de submissão se intensificou em abril de 2024, quando Georgetown assinou um novo contrato com a ExxonMobil para exploração de petróleo na região, ignorando completamente a controvérsia internacional. Além disso, o governo de Ali vem promovendo provocações militares contra a Venezuela, como a acusação, em fevereiro deste ano, de que soldados guianenses teriam sido atacados por uma “gangue criminosa venezuelana” — uma farsa denunciada por Caracas como mais um episódio de manipulação para justificar uma escalada bélica.

A posição da Venezuela é clara: não há qualquer violação de território, e a verdadeira ameaça à paz na região é a concessão ilegal de exploração de hidrocarbonetos pela Guiana em um território cuja posse ainda está em disputa. Como declarou o governo de Nicolás Maduro, é inadmissível que Georgetown disponha de um território sobre o qual existe uma controvérsia e conceda concessões ilegais para a exploração de recursos energéticos em um mar pendente de delimitação. Essa postura reforça a tese de que o governo guianense não age de forma soberana, mas sim como um agente direto dos interesses imperialistas, abrindo caminho para uma intervenção militar dos Estados Unidos.

A Venezuela reafirmou sua disposição para a via diplomática e convocou imediatamente o Mecanismo de Argyle, acordo assinado em 2023 entre os dois países para evitar confrontos e resolver a questão de Essequibo por meio do diálogo. No entanto, Caracas não aceitará passivamente as provocações de Ali nem a pilhagem de seus recursos por monopólios estrangeiros. A realização do referendo venezuelano, em dezembro de 2023, que aprovou a incorporação de Essequibo ao território venezuelano com uma ampla maioria, demonstra que a população está mobilizada para defender sua soberania.

A estratégia do imperialismo para inflamar um conflito regional segue o mesmo molde da crise na Ucrânia: transformar um governo submisso em um títere militarizado, usar a imprensa para fabricar uma narrativa de “agressão” e justificar a presença de interesses estrangeiros na região. Washington aposta na escalada da crise para ter um pretexto para militarizar o Caribe e pressionar ainda mais a Venezuela, que segue como um dos principais alvos da política imperialista de sanções e sabotagem econômica.

Mas a Venezuela não cairá nessa armadilha. Diante das ameaças do “Zelensqui do Caribe” e seus patrões em Washington, Caracas seguirá firme na defesa de seu território, de sua soberania e da paz na região. O povo venezuelano já demonstrou em diversas ocasiões que não cederá à chantagem imperialista, e qualquer tentativa de impor uma solução unilateral em Essequibo encontrará resistência não apenas do governo Maduro, mas de todo um movimento de resistência latino-americana contra a ofensiva dos EUA no continente.

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Last Update: 05/03/2025