O governo venezuelano apresentou detalhes do ataque cibernético ao sistema eleitoral do país no pleito presidencial, realizado em 28 de julho. As autoridades venezuelanas afirmam que a ofensiva hacker foi realizada a partir do exterior e prejudicou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que segue com a página oficial na internet fora do ar.
Essa é a principal justificativa do CNE e do governo da Venezuela para o atraso na publicação dos dados detalhados da eleição. Segundo a ministra de Ciência e Tecnologia, Gabriela Jiménez, foram 30 milhões de ataques por minuto em média durante o dia 28.
A ministra disse que 65% desses ataques foram de negação de serviço – ou DDoS. Essa é uma forma de congestionar o sistema com um volume muito grande de pedidos de acesso, forçando a sua queda. Ou seja, muitos computadores tentam, ao mesmo tempo, entrar num mesmo site, fazendo os mesmos pedidos, criando um fluxo insuportável para uma determinada página online.
Ela explicou que 25 instituições do país foram prejudicadas, incluindo desde a estatal petrolífera (PDVSA), passando por empresas de comunicação e de telecomunicações, até o sistema eleitoral.
O CNE entregou ao Tribunal Supremo de Justiça (STJ) os dados que comprovariam o ataque cibernético. A presidente do Supremo, a magistrada Caryslia Rodríguez, afirmou que revisará todos os dados sobre o ataque.
O CNE informou que os ataques não puderam alterar os votos, que são protegidos por sistema próprio, sem conexão com a internet. Além disso, o presidente Maduro acusou o multibilionário Elon Musk, dono da plataforma X, antigo Twitter, de estar envolvido no caso.
A ministra afirmou que foi “sequestrado” o IP da empresa de telefonia venezuelana CanTV, responsável por fazer a transmissão dos dados das urnas para o sistema do Conselho Nacional Eleitoral (CNE). “São alterados os IPs e quando os usuários tentam acessar links de sites com algum serviço, eles são redirecionados a um site completamente diferente e esse movimento colapsa os servidores de forma conjunta”, afirmou a ministra.
O governo estima que um ataque em grande escala como esse pode custar entre US$ 500 e US$ 5 mil por hora. A ministra afirmou que, para isso, seria preciso um “grande potencial econômico e tecnológico”.
A versão do governo foi parcialmente corroborada por importante empresa de segurança da informação dos Estados Unidos – a Netscout Systems. A companhia afirma que, um dia após a eleição, os ataques DDoS contra alvos na Venezuela aumentaram em dez vezes.
Por outro lado, a chefe da missão de observação do Centro Carter, Jennie Lincoln, afirmou que não há evidências desse ataque cibernético.
“Há empresas que monitoram e sabem quando há negações de serviço [ataques cibernéticos] e não houve um no dia da eleição ou naquela noite”, explicou Lincoln.