O ecossistema de startups no Brasil vive um ciclo marcado por altos e baixos. De acordo com levantamento da plataforma Distrito, entre janeiro de 2015 e setembro de 2024, mais de 8.258 startups encerraram suas atividades no país — quase metade das 16.936 que estavam ativas nesse período.

A maior parte das falências está ligada à falta de capital: apenas 10% dessas empresas haviam recebido algum tipo de investimento antes de fechar. Mas outras causas também contribuem, como ausência de estrutura, dificuldade em escalar operações e falhas de gestão.

Nesse cenário, estruturar o negócio com clareza desde o início é um fator decisivo para garantir a continuidade. Foi com essa lógica que a fintech Idea Maker, especializada em soluções digitais para e-commerce e transações de dados, consolidou um modelo que a levou a transacionar R$ 800 milhões em 2024.

Estratégia baseada em pilares sólidos

Para Jorge Ramos, CEO da Idea Maker desde 2020, não há atalhos. “Para crescer de maneira consistente, é indispensável estruturar a empresa com base em pilares sólidos”, afirma.

Segundo ele, quatro eixos estratégicos foram fundamentais para o desempenho da fintech. A seguir, veja como eles foram aplicados na prática.

1. Implantar uma governança compatível com o crescimento

Embora muitas startups evitem a governança por considerá-la sinônimo de burocracia, Ramos defende que ela deve ser pensada na medida certa.

“É a governança que garante segurança nos processos, clareza nas decisões e organização para lidar com o crescimento”, explica.

Isso inclui planejamento estratégico, gestão de riscos, políticas de compliance e rituais que organizam o dia a dia da empresa sem comprometer sua agilidade.

2. Preservar o dinamismo da fase inicial

Manter o que se costuma chamar de “espírito de startup” é um desafio conforme a empresa escala.

No caso da Idea Maker, isso foi possível com a formação de times enxutos e complementares, uso intensivo de automação para reduzir tarefas repetitivas e foco total em atividades que agregam valor ao negócio.

Segundo Ramos, inovação e velocidade precisam continuar sendo parte da identidade da empresa, mesmo com o avanço da estrutura.

3. Construir uma cultura clara, vivida no cotidiano

Cultura organizacional não é acessório. Para o CEO da fintech, é uma base estratégica.

Valores como ética, transparência e colaboração precisam ser incorporados ao cotidiano, com práticas que reforcem o alinhamento e o pertencimento.

Criar um ambiente que estimula a criatividade e desafia os times de forma saudável fortalece o engajamento e reduz o turnover.

4. Crescer com foco em valor e propósito

De acordo com Ramos, crescer por crescer não é uma meta sustentável. O foco da Idea Maker tem sido gerar valor real para todos os envolvidos: equipes, clientes, parceiros e usuários finais.

Para isso, é necessário envolver os times no planejamento, adotar uma visão sistêmica e garantir que o propósito da empresa esteja presente nas decisões estratégicas.

Esse alinhamento, segundo ele, é o que sustenta a consistência no longo prazo.

Cada startup tem sua trajetória

Ramos conclui que não há uma fórmula única para o sucesso. Algumas empresas miram o IPO desde a fundação, outras focam em atrair grandes investidores.

O que importa, segundo ele, é ter clareza sobre os objetivos e estruturar a operação de forma coerente com essa ambição.

“Cada organização tem sua vocação e trajetória. O que importa é entender onde se quer chegar e estruturar a operação com pessoas certas, processos claros e propósito bem definido.”

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Last Update: 23/05/2025