O varejo brasileiro apresentou recuo de 0,4% em abril, segundo o IGet — índice desenvolvido pelo Santander em parceria com a Getnet, que monitora o desempenho do comércio no país.
Esse é o segundo mês seguido de retração após dois meses de crescimento positivo.
Apesar do recuo no dado mensal, o comparativo interanual segue mostrando resiliência: o índice ampliado avançou 6,1% em relação a abril de 2024.
A variação positiva reforça a leitura de que, mesmo com oscilações no curto prazo, o setor ainda sustenta um ritmo de crescimento no acumulado do ano.
Desempenho desigual entre segmentos
No índice ampliado, dois dos principais setores analisados mostraram retração significativa.
O segmento de automóveis, partes e peças caiu 1,6%, enquanto materiais de construção registraram queda ainda mais acentuada, de 7,3%.
Os números refletem uma desaceleração pontual, influenciada por fatores como crédito mais restrito e condições financeiras mais apertadas para o consumidor.
Já no índice restrito, a retração mensal foi de 0,9%.
No entanto, a comparação com abril do ano passado revela crescimento expressivo de 11,5%.
Entre os destaques positivos estão os setores de móveis e eletrodomésticos (+1,5%) e vestuário (+0,6%), que avançaram mesmo em um mês de baixa generalizada.
Por outro lado, o setor de combustíveis teve queda de 11,5%, enquanto artigos de uso pessoal recuaram 2,7% e artigos farmacêuticos caíram 0,1%.
Setor de serviços registra leve queda e segue volátil
O IGet Serviços mostrou estabilidade em abril, com uma leve variação negativa de 0,1% frente ao mês anterior.
No entanto, no comparativo com abril de 2024, o índice aponta retração de 7,2%, refletindo um cenário de maior instabilidade no setor.
Entre os segmentos analisados, o de alojamento e alimentação devolveu parte do avanço do mês anterior, com queda de 3,9%.
Já o segmento de “outros serviços” avançou 0,5%, após recuo de 2,1% em março.
Os dados reforçam a leitura de que o setor de serviços vem apresentando maior volatilidade e comportamento heterogêneo entre as categorias.
Perspectiva para o setor é mista, aponta economista
Segundo Gabriel Couto, economista do Santander, o cenário para os próximos meses ainda é incerto.
“A política monetária restritiva deve continuar impactando a atividade econômica no curto prazo”, avalia.
No entanto, ele destaca que o mercado de trabalho aquecido pode suavizar os efeitos da desaceleração.
Além disso, Couto ressalta a importância da nova linha de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, que pode sustentar a demanda nos próximos trimestres.
Por outro lado, ele aponta riscos que seguem no radar: inflação pressionada e possíveis desdobramentos da guerra comercial global podem limitar o fôlego de crescimento do varejo e dos serviços.