Wesley Safadão incluiu em seu novo álbum uma propaganda de casa de apostas, mas o fenômeno vai além da música. A vaquejada, tradicional esporte do Nordeste, tornou-se um polo de divulgação para sites de apostas como Betvip, Betesporte e Pixbet. Vaqueiros como Nathan Queiroz, o “Capa Loka”, e Peixe da Lama, somando milhões de seguidores, são agora influencers de jogos de azar, promovendo links personalizados que incentivam apostas online.
As casas de apostas não apenas patrocinam os vaqueiros, mas também financiam eventos, campeonatos e portais especializados em vaquejada. A influência é tanta que surgiu o “X1 Vaquejada”, novo formato competitivo no qual dois vaqueiros se enfrentam diretamente, o que facilita as apostas e aumenta o apelo nas redes sociais. Uma das disputas mais populares foi entre Capa Loka e Peixe da Lama, assistida por 300 mil pessoas no YouTube.
A expansão das bets é respaldada por mudanças legais: desde 2016, a vaquejada é reconhecida como manifestação cultural e, em 2025, foi autorizada como modalidade de apostas pelo Ministério do Esporte. Apesar do crescimento, o presidente da Associação Brasileira de Vaquejada (Abvaq), Leonardo Dias, alerta para riscos de manipulação, especialmente por contratos diretos entre juízes e promotores.
Cinco bets atuam diretamente na vaquejada: Pixbet, Flabet, Betvip, Betesporte e Lance de Sorte — todas com CNPJ registrados no Nordeste. Mesmo que o volume de apostas não seja comparável ao futebol, empresários do setor afirmam que a ligação cultural com o esporte justifica os investimentos. A visibilidade trouxe artistas como o humorista Cristian Bell para o universo da vaquejada, aumentando a audiência.
Além das apostas, os vaqueiros também promovem plataformas como o Pix do Milhão, que promete sorteios de até R$ 1 milhão por semana. Embora essa empresa opere sob regras da Susep e não seja uma bet, a estratégia de marketing é semelhante, com forte apelo à transformação financeira. Links promocionais são divulgados quase diariamente nas redes sociais dos vaqueiros.
Nem as casas de apostas citadas nem os vaqueiros mencionados responderam aos pedidos de entrevista do g1.
