O presidente Lula venceria todos os possíveis adversários em um eventual segundo turno, caso as eleições fossem realizadas hoje, segundo pesquisa Genial/Quaest. Mas é contra o cantor sertanejo Gusttavo Lima, atualmente sem partido, que o presidente enfrenta o cenário mais difícil, com riscos à vista: ainda sem campanha ou partido, o cantor teria 35% contra 41% de Lula nas intenções de voto.
A explicação para as chances de Gusttavo Lima está, segundo cientista político Felipe Nunes e diretor da Quaest, diretamente no alto nível de conhecimento dos eleitores ao seu nome: 80% afirmam ter uma imagem positiva do cantor, porcentagem muito acima de outros nomes políticos como Tarcísio de Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado, o que garante, automaticamente, a vantagem.
Mas o presidente segue na liderança. Nos demais cenários simulados, Lula venceria Eduardo Bolsonaro (44% x 34%), Pablo Marçal (44% x 34%), Tarcísio de Freitas (43% x 34%), Romeu Zema (45% x 28%) e Ronaldo Caiado (45% x 26%).
Fragmentação na oposição e limites do bolsonarismo
Os números mostram que, apesar de 49% dos eleitores reprovarem o governo, nenhum candidato conseguiu canalizar completamente esse descontentamento, conforme aponta o cientista político, em análise compartilhada em suas redes. Parte significativa desse grupo optaria por branco, nulo ou abstenção se a eleição fosse hoje.
E, embora Lula mantenha vantagem eleitoral, sua base de apoio sofreu desgaste nos últimos meses. Contra Tarcísio de Freitas, por exemplo, a vantagem que era de 26 pontos em dezembro caiu para apenas 9 pontos em janeiro. Com Caiado, a diferença passou de 34 para 19 pontos no mesmo período.
Potencial de crescimento e taxa de conversão
Uma análise detalhada das intenções de voto em relação ao grau de conhecimento dos candidatos ajuda a dimensionar o potencial de crescimento de cada nome. Ronaldo Caiado tem apoio de 81% dos que o conhecem, Romeu Zema é votado por 74%, enquanto Tarcísio conta com o respaldo de 62% de seus conhecidos. Pablo Marçal é apoiado por 50%, e Gusttavo Lima e Eduardo Bolsonaro têm 44% de conversão entre os que os conhecem.
Isso indica que, ao se tornarem conhecidos nacionalmente, nomes como Caiado, Zema e Tarcísio têm grande potencial de competitividade caso consigam replicar em âmbito nacional suas imagens consolidadas em Goiás, Minas e São Paulo, respectivamente. Para Felipe Nunes, Gusttavo Lima, mesmo sem um partido político definido, apresenta desempenho surpreendente.
Outros destaques da pesquisa
Dois pontos importantes merecem atenção:
- Jair Bolsonaro permanece como o nome mais forte da oposição, mas está inelegível;
- Fernando Haddad, atualmente ministro da Fazenda, lidera a rejeição, com 56%.
Cenário de primeiro turno e desafios para a oposição
Mesmo em cenários de primeiro turno, Lula mantém seu piso histórico de 30%. Caso a oposição bolsonarista se una em torno de um nome como Gusttavo Lima e Tarcísio não entre na disputa, o cantor teria força para chegar ao segundo turno.
Contudo, se a oposição permanecer fragmentada, o cenário se torna imprevisível, com possibilidade de até Ciro Gomes enfrentar Lula. Para o diretor da Quaest, para ser competitiva em 2026, a oposição precisará mais do que contar com erros do governo; será necessária organização e unidade.
Felipe Nunes ressalta que apesar das simulações e projeções, a eleição de 2026 está longe de um desfecho definido. Hoje, 78% dos eleitores não sabem dizer espontaneamente em quem votariam. Lula e Bolsonaro têm cada um 9% das intenções, revelando ao mesmo tempo a fraqueza e a persistência dos dois nomes.
A pesquisa Genial/Quaest ouviu 4.500 pessoas entre os dias 23 e 26 de janeiro, com nível de confiabilidade de 95% e margem de erro de 1 ponto percentual.