Marina Silva, Ministra de Estado do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil – Foto: Reprodução

No meio da gritaria sobre o caso de Marina Silva, vou manter o que escrevi ontem a respeito dos ataques e do silêncio dos machos ao redor, enquanto a ministra era massacrada pelos fascistas do Senado.

Marina foi atacada por ser mulher e ministra de área sensível à extrema-direita, que deseja abrir todas as porteiras e fazer passar a boiada no Cerrado, na Amazônia, no Rio Grande do Sul e onde houver verde a ser destruído.

Sim, foi um ataque político. Mas antes foi um ataque machista. Se o ministro ali presente fosse um homem, o senador Marcos Rogério, do PL de Roraima, não teria dito para o macho ao seu lado: “se ponha no seu lugar”. Disse porque era uma mulher.

Também seria diferente a fala do senador Olímpio Valério, que disse respeitar a Marina mulher, mas não a Marina ministra. O tucano amazonense, de um partido que nem existe mais, não diria a um macho que o respeita como homem e não como ministro. Ele trataria o macho por “vossa excelência”.

Para relembrar, o véio da Havan depôs, em setembro de 2021, na CPI da Pandemia, e deu um show. Fez o maior escarcéu e não foi tratado do mesmo jeito pelos senadores, nem da direita, é claro, nem também das esquerdas. O único a tentar enfrentá-lo foi Humberto Costa, do PT de Pernambuco. A influenciadora Virgínia, na CPI das Bets, foi tratada como celebridade.

Por isso mantenho também o que escrevi sobre o silêncio dos machos que estavam por perto e nada fizeram em defesa de Marina. Sei, vão dizer que mulheres fortes não precisam de ajuda para se defender.

Precisam, sim. Homem precisa. Gay precisa. Negro precisa. Indígenas precisam. Qualquer um atacado por covardes protegidos pela imunidade parlamentar precisa ter o apoio de quem está por perto.

Tanto que a senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, a defendeu. Era a única voz alta que se ouvia em defesa de Marina.

Vale, na política, o que vale na vida cotidiana, vale o entendimento da omissão política, nessas circunstâncias, como omissão de socorro, da falta de um gesto de proteção mínima a quem está sendo agredido.

Mulheres que dizem que Marina, por ser mulher negra e forte, não precisa do apoio de machos são as que dificilmente, em algum momento, socorreram, mesmo no mundo virtual, mulheres agredidas pelo fascismo. Foram sempre dos mesmos autores os textos sobre as agressões de Bolsonaro à deputada Maria do Rosário.

Essa empáfia de que mulher não precisa de apoio parte de machos inseguros e também de mulheres arrogantes, inclusive da esquerda.

Marina precisou de apoio ali, no momento em que era agredida, e precisa de apoio agora, porque a agressão continua. Não se iludam com a conversa das comadres da GloboNews.

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Last Update: 29/05/2025