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A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), fechada pelo presidente Donald Trump no início de fevereiro, havia planejado investir pelo menos US$ 16,2 milhões — cerca de R$ 94 milhões — em projetos de conservação da Amazônia.
Esse montante já havia sido aprovado pelos EUA, mas os valores poderiam ser ainda maiores, dependendo da aprovação do Orçamento de 2025 pelo Congresso americano. A decisão de Trump de encerrar as atividades da agência está sendo contestada na Justiça, e o futuro da USAID ainda não foi definido.
A verba destinada à Amazônia fazia parte de um pacote de medidas anunciadas pelo então presidente Joe Biden durante sua visita ao Brasil em 2024. Os dados foram obtidos pelo G1 a partir do site oficial do governo dos Estados Unidos, que disponibiliza informações sobre gastos federais.
Projetos suspensos
Entre os projetos afetados pelo fechamento da USAID, o primeiro previa um investimento de US$ 9,2 milhões, aprovado em 17 de janeiro de 2025, para ser aplicado em iniciativas de conservação da biodiversidade na Amazônia por meio da agência da USAID no Brasil. A ação fazia parte do programa “Alianças para a Amazônia”, com duração prevista de cinco anos, até 2030.
Segundo a Casa Branca à época, a iniciativa seria conduzida pelo Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), da Colômbia, que já havia impulsionado o desenvolvimento de 123 negócios na região, promovendo sustentabilidade e conservação ambiental. O governo americano também destacou que o CIAT ajudou a proteger 39 milhões de hectares da Amazônia na América do Sul.
Outro projeto suspenso previa um investimento de US$ 4 milhões para o programa “Tapajós para a Vida”, que buscava fortalecer a conservação e o uso sustentável de áreas protegidas na Bacia do Rio Tapajós. O financiamento teria duração de três anos, até 2027.
Em nota, a WWF Brasil afirmou que a proposta da USAID era fornecer apoio financeiro a comunidades vulneráveis da bacia do Tapajós, promovendo alternativas econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico.
Ainda havia a previsão de desembolso de mais US$ 3 milhões para iniciativas já em andamento, voltadas à preservação da floresta Amazônica e mantidas com repasses da USAID. A parceria para o financiamento desses programas começou entre 2023 e 2024 e teria duração até 2028.
O Centro de Trabalho Indigenista (CTI), que recebia recursos da USAID para o projeto “Aliança dos Povos Indígenas pelas Florestas da Amazônia Oriental: Conservar, Proteger e Restaurar”, afirmou em nota que “ainda aguarda manifestação oficial da Agência Americana para o Desenvolvimento – USAID sobre o assunto” e que “até o momento, não recebemos nenhuma comunicação além de um informe da suspensão”.
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Impacto no combate a incêndios florestais
Além dos projetos que sequer saíram do papel, a decisão de Trump afetou programas já em operação, como o treinamento de brigadistas brasileiros para o combate a incêndios florestais.
Um dos principais atingidos foi o Programa de Manejo Florestal e Prevenção de Incêndios no Brasil, conduzido pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS) desde 2021, em parceria com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outras instituições nacionais.
A iniciativa oferecia capacitação técnica para profissionais que atuam na linha de frente do combate ao fogo. Entre 2021 e 2023, foram realizados pelo menos 51 cursos e treinamentos em conjunto com órgãos como o Ibama, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Mais de 3 mil pessoas foram treinadas, incluindo um grande número de mulheres indígenas, que passaram a atuar como brigadistas em seus territórios.
Fundo Amazônia e outras promessas
Outro recurso que seria repassado via USAID era o Fundo Amazônia, prometido por Biden em duas ocasiões durante o governo Lula. O orçamento da agência para o ano fiscal de 2025 previa um repasse de US$ 100 milhões para o fundo, destinado a combater o desmatamento e reduzir as emissões de gases poluentes. No entanto, o valor ainda precisa ser aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos antes de ser enviado.
Na justificativa apresentada ao Congresso, a USAID descreveu o repasse como “fundamental para fortalecer a parceria” entre Brasil e Estados Unidos. “O Fundo Amazônia é uma prioridade máxima – e uma solicitação consistente – do governo brasileiro, e o financiamento solicitado é essencial para consolidar essa parceria”, destacou a agência.
Além disso, durante sua última visita ao Brasil, Biden anunciou uma série de investimentos ambientais, incluindo o lançamento da Coalizão de Financiamento para Restauração e Bioeconomia do Brasil e novos aportes para os principais projetos de reflorestamento da Amazônia.
Também prometeu apoio ao Tropical Forest Forever Facility e à ampliação da demanda por créditos de carbono florestal de alta integridade. Outro compromisso foi o estabelecimento de um novo acordo de cooperação entre a Corporação Financeira dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (DFC) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Entre as iniciativas, destacam-se ainda a criação de um laboratório de investimento em soluções baseadas na natureza, uma parceria com o governo brasileiro para combater a extração ilegal de madeira e o comércio associado, e o desenvolvimento de sistemas avançados de energia com emissões zero na Amazônia. Biden também reforçou o compromisso dos EUA com o fortalecimento da cooperação em saúde única no Brasil e na Bacia Amazônica.
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