O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, informou que o FBI abriu uma investigação sobre o vazamento de uma avaliação de inteligência relacionada aos recentes ataques a instalações nucleares do Irã. A medida foi anunciada durante uma cúpula da OTAN realizada na Holanda, em 25 de junho.
“É claro que estamos conduzindo uma investigação de vazamento com o FBI agora porque essas informações são para fins internos, avaliações de danos de batalha”, disse Hegseth a jornalistas. Ele também afirmou que empresas de mídia estariam manipulando os fatos.
“A CNN e outras empresas estão tentando distorcer a situação para fazer o presidente parecer mal, quando isso foi um sucesso estrondoso”, acrescentou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirmou durante o evento sua versão sobre os resultados do ataque ao complexo nuclear iraniano de Fordow e outros alvos. “Depois que atacamos Fordow, Israel enviou seus agentes para avaliar a situação. Eles confirmaram que Fordow foi completamente destruída”, declarou.
“Não acho que os iranianos tiveram chance de evacuar nada de Fordow, porque agimos muito rapidamente. As bombas atingiram exatamente onde deveriam. Foi realmente uma operação impecável. Israel está atualmente preparando um relatório sobre o assunto.”
Trump também comentou em suas redes sociais sobre a cobertura da imprensa: “NOTÍCIAS FALSAS: A CNN, JUNTO COM O FRACASSO NEW YORK TIMES, SE UNIRAM NA TENTATIVA DE DESAFIAR UM DOS ATAQUES MILITARES MAIS BEM-SUCEDIDOS DA HISTÓRIA. AS INSTALAÇÕES NUCLEARES NO IRÃ ESTÃO COMPLETAMENTE DESTRUÍDAS! TANTO O TIMES QUANTO A CNN ESTÃO SENDO CRITICADOS PELO PÚBLICO!”
Segundo informações da CNN, o conteúdo vazado corresponde a uma avaliação realizada pela Agência de Inteligência de Defesa do Pentágono (DIA), com base em um relatório elaborado pelo Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM). O documento indica que os bombardeios apenas atrasaram o programa nuclear iraniano por um período de alguns meses.
Fontes com conhecimento da avaliação informaram que o estoque de urânio enriquecido do Irã permanece intacto e que a maioria das centrífugas não foi danificada. “Portanto, a avaliação (DIA) é que os EUA os atrasaram talvez alguns meses, no máximo”, afirmou uma fonte à CNN.
A Casa Branca rejeitou os dados da inteligência militar. Segundo comunicado oficial, a análise está “completamente errada” e tem como objetivo “rebaixar” o presidente e os pilotos responsáveis pela operação aérea, descrita como “perfeitamente executada”.
Fontes israelenses consultadas pela ABC News apresentaram uma avaliação diferente. De acordo com essas fontes, o resultado dos ataques é “realmente ruim” e ainda está em fase de apuração. As mesmas fontes afirmaram não saber quanto urânio enriquecido foi transferido antes dos bombardeios, nem quantas centrífugas continuam funcionais.
O portal The Cradle também relatou que fontes iranianas confirmaram, em 25 de junho, que o complexo de Fordow não foi destruído pelos ataques aéreos. Segundo essas fontes, que têm acesso a informações internas, as centrífugas seguem “ilesas”, mesmo após o uso de pelo menos uma dúzia de bombas projetadas para atingir instalações subterrâneas.
O Times of Israel publicou que a inteligência israelense continua atualizando sua avaliação dos danos. Uma fonte consultada afirmou que o programa nuclear iraniano foi atrasado por “vários anos”, mas não eliminado.
A mídia estatal iraniana também se manifestou. De acordo com as autoridades locais, o urânio enriquecido foi removido das instalações nucleares, incluindo Fordow, antes dos ataques dos Estados Unidos no final de semana.
O ataque americano foi descrito por Trump como um dos mais bem-sucedidos da história. No entanto, as avaliações divergentes sobre os danos reais às estruturas nucleares iranianas continuam alimentando controvérsias nos meios políticos, militares e diplomáticos.
O FBI ainda não divulgou informações sobre o andamento da investigação interna sobre o vazamento do relatório da DIA. A apuração busca identificar como as informações reservadas chegaram à imprensa e quais agentes tiveram acesso ao conteúdo.
O caso ocorre em meio a tensões persistentes entre Estados Unidos e Irã, agravadas por disputas sobre o programa nuclear iraniano e pela ausência de um novo acordo de contenção desde a saída americana do Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA) em 2018.
O governo de Teerã tem reiterado que seu programa nuclear possui fins pacíficos, enquanto Washington e seus aliados expressam preocupação sobre a possibilidade de enriquecimento de urânio com finalidades militares.
Ainda não há consenso internacional sobre o impacto real dos ataques de Washington no programa nuclear iraniano. Organismos multilaterais, como a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), não se pronunciaram oficialmente sobre a destruição das instalações nem sobre eventuais danos técnicos. A entidade é responsável pelo monitoramento dos programas nucleares no mundo e costuma realizar inspeções periódicas, inclusive no Irã.
A repercussão das diferentes versões deve continuar nos próximos dias, à medida que relatórios oficiais forem sendo disponibilizados pelos governos envolvidos e por organismos internacionais de controle nuclear.