Na noite dessa segunda-feira (17), aviões de guerra de “Israel” voltaram a atacar várias regiões da Faixa de Gaza. Foram registrados ataques aéreos violentos no norte, centro e sul do local. Esta é a violação mais grave até agora do acordo de cessar-fogo e pode desencadear na volta da guerra entre “Israel” e a Resistência Palestina.
8 mártires, incluindo 5 crianças, chegaram ao Hospital Batista (Al-Maamadani) como resultado do bombardeio contra a Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza.
Tendas de palestinos deslocados em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, pegaram fogo.
Aviões de guerra da atacaram casas, escolas, abrigos e tendas de deslocados em diversas áreas da Faixa de Gaza.
Houve mártires e feridos após os aviões de guerra bombardearem a Escola Al-Tabi’in, que abriga deslocados no bairro de Al-Daraj, no centro da Cidade de Gaza.
Também foram registrados mártires e feridos no bombardeio de mais de sete casas na região central da Faixa de Gaza. Entre as casas identificadas estão: Zahir, Masmah e Mazid, em Deir al-Balah; al-Batran, em al-Bureij; além de al-Daalis e Abu Saif, em al-Nusseirat.
Segundo relatos, forças israelenses localizads na fronteira norte de Beit Lahia dispararam contra casas e abrigos no norte da Faixa de Gaza.
Isso ocorre enquanto a ocupação continua a bloquear todas as passagens e impedir a entrada de alimentos, ajuda humanitária e suprimentos médicos na Faixa de Gaza.
O porta-voz da Defesa Civil, Mahmoud Basal, relata pelo menos 15 mártires e dezenas de feridos nos ataques. O órgão ainda afirmou que suas equipes estão enfrentando grandes dificuldades no socorro das vítimas devido ao fato de mais de um alvo estar sendo atingido ao mesmo tempo.
Hamas se pronuncia
Poucas horas após os acontecimentos, o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) emitiu um comunicado condenando a ação israelense:
“Em nome de Alá, o Mais Gracioso, o Mais Misericordioso
Netaniahu e seu governo nazista retomam sua agressão e guerra genocida contra civis indefesos na Faixa de Gaza.
Responsabilizamos o criminoso Netaniahu e a ocupação nazi-sionista integralmente pelas repercussões da traiçoeira agressão à Gaza, e pelos civis indefesos e pelo nosso povo palestino sitiado, que está sendo submetido a uma guerra brutal e a uma política sistemática de fome.
Netaniahu e seu governo extremista decidiram reverter o acordo de cessar-fogo, expondo os prisioneiros em Gaza a um destino desconhecido.
Exigimos que os mediadores responsabilizem Netaniahu e a ocupação sionista integralmente pela violação e reversão do acordo.
Fazemos um apelo à Liga Árabe e à Organização da Cooperação Islâmica para assumirem sua responsabilidade histórica em apoiar a firmeza e a valente resistência de nosso povo palestino, e em romper o injusto cerco imposto à Faixa de Gaza.
Pedimos à Organização das Nações Unidas e ao Conselho de Segurança da ONU que se reúnam com urgência para adotar uma resolução que obrigue a ocupação a interromper sua agressão e a cumprir a Resolução 2735, que exige o fim da agressão e a retirada de toda a Faixa de Gaza.
Movimento de Resistência Islâmica – Hamas”
O acordo de cessar-fogo
Em janeiro de 2025, após 15 meses de intensos confrontos, foi estabelecido um cessar-fogo entre “Israel” e o Hamas na Faixa de Gaza. Este acordo foi mediado pelos Estados Unidos, Catar e Egito, e estruturado em três fases:
Primeira Fase: Implementação de um cessar-fogo de seis semanas, durante o qual o Hamas libertaria 33 reféns israelenses, priorizando mulheres, crianças, idosos e feridos. Em troca, “Israel” liberaria entre 30 e 50 prisioneiros palestinos, começando por mulheres e crianças. Além disso, haveria a entrada de ajuda humanitária em Gaza e a retirada progressiva das tropas israelenses.
Segunda Fase: Estabelecimento de um cessar-fogo permanente, com a libertação dos restantes reféns israelenses, sejam civis ou militares, em troca de mais prisioneiros palestinos.
Terceira Fase: Troca dos restos mortais dos reféns israelenses falecidos e início de um processo de reconstrução de Gaza, com duração prevista de três a cinco anos.
O acordo, resultado da grande demonstração de força da Resistência Palestina, foi mediado por Estados Unidos, Catar e Egito. À época, o presidente recém-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, pressionou “Israel” a aceitar o acordo. No entanto, a decisão de aceitar o cessar-fogo gerou divisões internas no governo israelense. Membros do gabinete, como o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, e o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, ameaçaram deixar seus cargos em protesto, argumentando que o acordo representaria uma rendição ao Hamas.
Após a assinatura do acordo, celebrada por civis em Gaza, “Israel” acusou falsamente o Hamas de tentar modificar termos do pacto, criando uma “crise de último minuto”. Apesar disso, o acordo começou a ser implementado, mesmo que com várias violações por parte de “Israel”.
As várias violações do acordo
- Apesar de a trégua ter reduzido brutalmente a quantidade de mortes causadas por “Israel”, a entidade sionista continuou agredindo a população de Gaza ilegalmente. Essas são apenas das algumas violações, que causaram a morte de mais de 140 mártires em dois meses:
- Impedimento da entrada de 50 caminhões de combustível por dia, conforme estipulado no acordo. Em vez disso, apenas 978 caminhões entraram ao longo de 42 dias, com uma média de 23 caminhões por dia.
- Proibição do setor comercial de importar combustível de todos os tipos, apesar de uma disposição explícita no acordo permitindo isso.
- Permissão da entrada de apenas 15 casas móveis (caravanas) de um total de 60.000 acordadas, além de um número limitado de tendas.
- Impedimento da entrada de maquinário pesado necessário para limpar escombros e recuperar corpos—apenas 9 máquinas foram permitidas, enquanto o setor precisa de pelo menos 500.
- Bloqueio da entrada de materiais de construção necessários para a reabilitação da infraestrutura e restauração de hospitais.
- Impedimento da entrada de equipamentos médicos essenciais para reabilitar hospitais, e permitindo a entrada de apenas 5 ambulâncias.
- Proibição da entrada de equipamentos de defesa civil.
- Impedimento da operação da usina de energia e bloqueando a entrada de suprimentos necessários para sua reabilitação.
- Bloqueio da entrada de liquidez em dinheiro nos bancos e recusando a troca de cédulas danificadas.
- Avanço e invasão além das linhas de retirada quase todos os dias, especialmente no Corredor Filadélfia, ultrapassando os limites acordados de 300 a 500 metros, acompanhados de disparos, assassinatos de civis, demolições de casas e destruição de terras.
- Atraso da retirada das ruas Al-Rashid e Salah Al-Din, impedindo os deslocados de retornar por dois dias inteiros, em clara violação do acordo.
- Impedimento dos pescadores de retornarem ao mar, atirando contra eles e prendendo alguns.
- Voos diários de aeronaves de ocupação durante horas proibidas (10–12 horas diárias), com 210 violações registradas, incluindo vários veículos aéreos não tripulados (VANTs).
No dia 10 de março, passados mais de 50 dias desde que o acordo começou a ser implementado, o Hamas emitiu uma declaração pública enumerando algumas dessas violações. Naquele momento, “Israel” já estava bloqueando, pelo nono dia consecutivo, a entrada de alimentos e água na Faixa de Gaza. Três irmãos palestinos foram assassinados por veículos aéreos não tripulados (VANTs) das forças de ocupação que bombardearam um grupo de civis em Al-Bureij, no centro da Faixa de Gaza, naquele dia.
Na declaração pública, o Hamas reafirmou o “total compromisso com o acordo de cessar-fogo, com a implementação do que foi acordado e com nossa prontidão para iniciar imediatamente as negociações para a segunda fase”. O Hamas, no entanto, denunciou que “Israel” continua descumprindo o acordo e se recusa a iniciar a sua segunda fase, “expondo suas intenções de evasão e procrastinação”.
O Hamas acusou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netaniahu, de, pressionado pela extrema direita, que sustenta o seu governo, estar obstruindo a implementação do acordo “por razões puramente pessoais e políticas, sem qualquer preocupação real com a libertação dos prisioneiros ou com os sentimentos de suas famílias”. A organização islâmica lembrou que “o acordo foi mediado por negociadores e testemunhado pelo mundo, o que exige que a ocupação seja responsabilizada por sua implementação, pois essa é a única via para o retorno dos prisioneiros”.
Apesar de sua decisão firme em cumprir com o acordo de cessar-fogo, o Hamas deixou claro que as tentativas do sionismo e do imperialismo de pressionar o partido não serão bem-sucedidas. “A linguagem da chantagem e das ameaças de guerra não terá sucesso—não há alternativa além das negociações e do respeito ao acordo”, declarou o grupo.
Em outro comunicado, o Hamas denunciou “Israel” por não cumprir com a redução gradual de suas forças no Eixo Salah al-Din (Corredor Filadélfia) durante a primeira fase, nem iniciou a sua retirada no 42º dia, conforme estipulado no acordo. De acordo com o combinado, a retirada deveria ter sido concluída totalmente até o 50º dia, o que não aconteceu.
No dia 14 de março, o Hamas denunciou as provocações durante o sagrado mês do Ramadã. acusando “Israel” de tomar medidas visando impedir que os muçulmanos realizassem o i’tikaf na noite de sexta-feira na Mesquita de Al-Aqsa.