Por Eduardo Silva, de Wuhan
O DCM foi convidado para uma apresentação e entrevista com estudantes brasileiros na China em Wuhan, cidade onde começou a pandemia da Covid-19, e com chineses que estudam em nosso país.
A Universidade de Hubei, local do encontro, produziu um documento com um balanço sobre as relações bilaterais com o Brasil. O livro está quase todo em mandarim.
Mas tem uma breve passagem em inglês. Nesse texto, a universidade abertamente critica a conduta de Jair Bolsonaro na pandemia.
Embora tenha mantido relações entre China e Brasil, eles chamam o ex-presidente de responsável em transformar nosso país num “epicentro da Covid-19”. Lula não é citado, mas os chineses ressaltam que mantiveram boas relações com nosso país entre 2021 e 2022.
Na página 255 do livro, o documento afirma: “diante da epidemia, o combate do governo de Bolsonaro foi sem efeito, contribuindo para sua perda de popularidade. A saúde e a segurança dos brasileiros ficou comprometida e a insatisfação com o então governo se intensificou”.
O texto prossegue: “A influência das forças de extrema direita radical representadas por Bolsonaro perderam força. Naquele tempo, o conflito entre o presidente Bolsonaro e o Congresso, a Suprema Corte e os governadores se intensificou. Comparado com o passado [no Brasil], o poder político está mais disperso, o padrão dos partidos políticos está mais fragmentado, o jogo entre esquerda e direita aqueceu, com a instabilidade política se intensificando”.
Na página 256: “Como representante das forças de extrema direita, após chegar ao poder Bolsonaro adotou uma diplomacia pró-Ocidente e pró-americana, perseguindo as ‘relações exteriores ideológicas’ (…). Com o começo do governo Biden em 2021, as relações esfriaram rapidamente e o isolamento da diplomacia brasileira se tornou mais evidente”.
“Mesmo que a diplomacia ideológica de Bolsonaro tenha trazido efeitos negativos às relações entre China e Brasil, algum progresso ocorreu nas relações de natureza prática entre chineses e brasileiros, sobretudo na questão de vacinas e na economia comercial, que se tornou um destaque nas relações sino-brasileiras”.
Na página 258 do documento: “De 2020 até 2021, graças aos esforços fracos conduzidos pelo presidente Bolsonaro e pelo governo federal, a Covid-19 espalhou-se rapidamente pelo Brasil, tornando-se um epicentro da pandemia”.