Horas após o presidente americano Donald Trump suspender toda a ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentou nesta terça-feira 4 um plano para mobilizar até 800 bilhões de euros (R$ 4,7 trilhões) para a defesa da Europa e ajudar a fornecer apoio militar “imediato” ao país invadido pela Rússia.

“Estamos numa era de rearmamento, e a Europa está pronta para aumentar maciçamente seus gastos com defesa”, disse Von der Leyen, em comunicado à imprensa.

O plano, batizado de “ReArm Europe” (ReArmar Europa), tem potencial de elevar consideravelmente os gastos militares da região e a ajuda à Ucrânia, há três anos sob ataque russo. Nesse período, foram destinados ao país cerca de 267 bilhões de euros de todos os doadores, incluindo os Estados Unidos.

Os repasses da Europa foram até agora a principal fonte de ajuda à Kiev, embora os Estados Unidos tenham empenhado mais recursos para fins estritamente militares. De acordo com o Instituto Kiel para Economia Mundial, durante os três anos de guerra a Europa alocou 70 bilhões de euros em ajuda financeira e humanitária e 62 bilhões de euros em ajuda militar, enquanto os EUA destinaram 50 bilhões de euros em ajuda financeira e humanitária e 64 bilhões de euros em ajuda militar.

A aproximação direta de Trump com o presidente russo Vladimir Putin para pôr fim ao conflito desestabilizou as relações entre Europa e EUA. A retirada de toda ajuda militar americana à Ucrânia, anunciada na segunda-feira 3 pelo presidente americano, três dias depois do confronto com o ucraniano Zelensky no Salão Oval, foi o empurrão para que líderes europeus se articulassem em torno do pacote de ajuda.

“A Europa enfrenta um perigo claro e presente numa escala que nenhum de nós viu em nossa vida adulta”, afirmou Von der Leyen ao apresentar o plano. “Estamos vivendo o momento mais importante e perigoso de todos.”

O presidente da Ucrânia,
Volodymyr Zelensky, e o presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Saul Loeb/AFP

Detalhes do plano

Ainda não está claro quando o plano, que ainda depende da aprovação dos Estados-membros da UE, passará a ter efeito. Para detalhar essa estratégia, foi convocada para esta quinta-feira uma cúpula em Bruxelas entre líderes europeus.

Von der Leyen explicou que o plano consiste em cinco linhas básicas. A primeira propõe a suspensão de regras orçamentárias que obrigam os países da UE a manterem seus déficits públicos abaixo de 3% do PIB, permitindo assim que aumentem os gastos com defesa. Essa medida teria potencial de liberar 650 bilhões de euros em quatro anos.

O pacote prevê ainda um novo “instrumento” que forneceria aos Estados-membros 150 bilhões de euros em empréstimos para investimentos em defesa, em equipamentos militares como “defesa aérea e de mísseis, sistemas de artilharia, mísseis e munição, drones e sistemas antidrone”.

O terceiro componente prevê o uso do orçamento existente da UE “para direcionar mais fundos para investimentos relacionados à defesa”, incluindo o redirecionamento para defesa de recursos destinados ao desenvolvimento de países europeus mais pobres, informou Von der Leyen.

As duas últimas áreas de ação incluem o Banco Europeu de Investimento, braço de empréstimos do bloco. Os Estados da UE querem que o banco elimine os limites de empréstimos para empresas de defesa, além de uma combinação de poupança e investimentos para ajudar as empresas a captarem recursos.

Em carta enviada aos líderes da UE nesta terça-feira, a presidente do banco, Nadia Calvino, disse que pediria que o escopo dos investimentos elegíveis fosse “ainda mais ampliado”, para se alinhar com as “novas prioridades políticas” da UE. Isso envolveria conceder empréstimos a projetos puramente de defesa, sem uso civil plausível, como acontece atualmente.

(AFP, Reuters, DW, ots)

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 04/03/2025