Frederico Siqueira Filho, ministro das Comunicações, e Lula. Foto: reprodução

A cobrança feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na última terça-feira (26), para que ministros do Centrão defendam mais o governo diante das críticas de seus partidos aumentou a insatisfação de parte das legendas. No União Brasil, a pressão provocou reações imediatas, e a Executiva Nacional já deve discutir na próxima semana a entrega dos cargos ocupados pela sigla no primeiro escalão.

O alvo principal é Celso Sabino, ministro do Turismo e único filiado do União Brasil no ministério. Já Frederico Siqueira Filho, titular das Comunicações, e Waldez Góes, ministro da Integração Nacional, não estão no centro da discussão, pois foram indicações de Davi Alcolumbre (União-AP).

A crise, no entanto, tem como pano de fundo o mal-estar crescente entre Lula e a direção da legenda. “Já passou da hora de a decisão ser tomada”, disse ACM Neto, vice-presidente do União.

A pressão ganhou força após conversas em um grupo de WhatsApp com a participação dos governadores Ronaldo Caiado (Goiás) e Mauro Mendes (Mato Grosso), que reforçaram a necessidade de desembarque. Sabino reagiu, enviando mensagens defendendo a permanência no governo e reclamando da cobrança, mas acabou ficando em minoria.

Segundo dirigentes, a maioria da Executiva deve apoiar a saída, restando ao ministro duas opções: deixar o cargo ou sair do partido.

ACM Neto, vice-presidente do União Brasil. Foto: reprodução

O próprio Sabino, no entanto, resiste. “Nós temos muitos filiados no Brasil inteiro que devem caminhar na eleição com o presidente Lula, em diversas regiões do país. Eu não vejo razão para antecipar uma discussão, com um prazo tão distante. Falta um ano para as convenções partidárias”, afirmou. Mesmo assim, integrantes do União Brasil dizem que a situação se tornou insustentável.

A crise foi alimentada também por falas do próprio Lula. Em reunião ministerial, ele disse acreditar que não terá apoio do União em 2026 e declarou não gostar pessoalmente de Antonio Rueda, presidente da legenda.

Rueda respondeu nas redes sociais: “Na democracia, o convívio institucional não se mede por afinidades pessoais, mas pelo respeito às instituições e às responsabilidades de cada um”. O comentário expôs ainda mais a distância entre o governo e o partido.

Para parte dos dirigentes do União, a ideia inicial era só discutir os cargos após o Tribunal Superior Eleitoral analisar a federação com o PP. Mas as declarações do presidente provocaram, segundo relatos, uma “situação constrangedora” para o partido e para o próprio governo, tornando inviável manter um filiado na Esplanada por meses até a decisão final.

Enquanto isso, outros partidos da base reagem de maneira distinta. No PP, não há reunião prevista para debater o tema. O ministro do Esporte, André Fufuca, afirmou a interlocutores que não pretende deixar a sigla nem o cargo, avaliando que divergências são normais em partidos grandes.

Já no Republicanos, legenda do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, garantiu que seguirá no cargo e ao lado de Lula.

“O que o partido tem colocado é que só vai tratar de 2026 em 2026. A gente tem de aguardar esse movimento de Tarcísio, se é candidato, se não é, se sai do Republicanos e vai para o PL… Eu vou estar com o presidente Lula, já disse isso a Marcos Pereira \[presidente do Republicanos]”, declarou.

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Last Update: 27/08/2025