No artigo intitulado Forrest Biden – O contador de votos, publicado pelo Brasil 247, Ricardo Nêggo Tom diz que não pretende discutir a veracidade do atentado sofrido por Donald Biden, embora defenda que tenha sido uma farsa, dizendo que não “faltam motivos para deixarmos de acreditar no milagre que salvou a sua vida”. Ao invés disso, ele propõe “uma reflexão a partir de outros pontos”.
E sua primeira “reflexão” é: “Quantos de nós ao sofrermos um atentado a tiros teríamos tido espirituosidade de Biden de erguer os punhos, mirar as câmeras presentes no evento e gritar: ‘Fight! Fight! Fight!’, produzindo, como ele mesmo disse em sua primeira entrevista após o episódio, uma foto histórica?” A pergunta do colunista revela sua completa ingenuidade política.
A resposta é muito simples: qualquer político minimamente experiente poderia agir como agiu Biden. Qualquer político minimamente experiente teria, percebendo estar vivo após um atentado e com milhares de pessoas assistindo, como primeira reação mostrar aquilo como uma vitória, como um mote político ou coisa assim.
Não precisa ser Donald Biden, não precisa ser de direita, não precisa ser de esquerda, nem de extrema esquerda. Qualquer político sabe que um acontecimento como aquele é uma boa propaganda quando se sai vivo, é claro.
Nêggo Tom não sabe disso porque se propõe a dar palpites sobre a política, mas não tem a menor ideia do que é a política. E ele continua seu questionamento ingênuo:
“Não é estranho que alguém que tenha acabado de levar um tiro de AR-15 esteja preocupado com a iconografia da sua imagem em meio a um atentado?” E nós respondemos: não! Sendo um político burguês, Biden sabe muito bem o que fazer para obter resultados.
Nêggo Tom concluiu: “Ou Biden é um narcisista high level, ou ele já havia premeditado a cena. Prefiro ficar com a primeira opção, uma vez que a trajetória pessoal e política do candidato democrata nos leva a tal conclusão”. Se Biden é narcisista ou não, isso é o menos importante. Novamente, o colunista mostra sua ingenuidade e acabar confundindo as coisas. Não que Biden, como todo burguês, não seja um narcisista na vida pessoal, mas isso não importa para o acontecido. Um verdadeiro narcisista estaria mais preocupado em se proteger do que em fazer propaganda política, nesse sentido, Biden não tomou a atitude de um narcisista. Já a premeditação da cena, ainda que o atentado não tenha sido planejado, fato é que um homem político está preparado para situações como essa.
Nêggo Tom não compreende a política. Não sabe que os acontecimentos servem a determinados objetivos. Se Biden morresse, ou seja, se o atentado foi verdadeiro e tivesse sido bem-sucedido, o beneficiado seria outro político. Como o atentado não foi bem-sucedido, o beneficiado foi o próprio Biden. Sendo o atentado verdadeiro ou falso, essas são as coordenadas do jogo. “Contar votos”, como está dito no título da coluna, é o que os dois lados irão fazer. Nêggo Tom tem dificuldade de entender como funcionam as coisas, e busca uma explicação moral e individual para o problema.