
Ainda não é levada muito a sério uma hipótese bem mais do que incômoda. Essa é a hipótese, considerando-se que Bolsonaro será condenado em agosto ou setembro e preso aí por outubro ou novembro: o chefe do golpe pode ficar pouco tempo na cadeia-apartamento em um quartel de Brasília.
Já avisam que Bolsonaro passará a se queixar de problemas de saúde. E ninguém do Supremo vai querer que o sujeito morra na prisão.
O pior cenário é o que considera a hipótese de Bolsonaro ser solto no primeiro semestre ou mesmo no meio de 2026. Ele estaria em liberdade a poucos meses da eleição.
Podem dizer, como sempre dizem, que isso é improvável, porque ninguém o libertaria no ano da eleição. Diziam que seria improvável o golpe de 2016 contra Dilma.
Disseram que seria impossível, pelo impacto político, prender Lula pouco antes da eleição de 2018, sabendo-se que ele era o líder das pesquisas.

E também se ouviu muito que seria inimaginável ver Lula preso por pelo menos um ano. Lula ficou encarcerado por 580 dias. Tudo no Brasil é possível, principalmente depois da eleição do próprio Bolsonaro.
Bolsonaro é inelegível e visto como cadáver político. A velha direita e a nova extrema direita querem vê-lo sepultado, para que outras alternativas se fortaleçam. O fascismo quer ficar apenas com a sua imagem de mito.
Mas, mesmo como fantasma e submetido a restrições pelo STF, Bolsonaro solto em 2026 poderia fazer um grande estrago. Porque o cenário político do ano que vem será algo nunca visto.
Poderemos ter o primeiro zumbi interferindo na eleição, num ambiente em que a radicalização da extrema direita, principalmente nas redes sociais, deve atingir níveis devastadores.
Programem-se para um roteiro elaborado pelo Imponderável de Almeida. Não só Bolsonaro, mas todos os idosos do golpe, e eles são muitos, tentarão ficar só algumas semanas presos.
Braga Netto, que já está em prisão preventiva desde dezembro, sai em vantagem, porque o tempo será descontado depois da pena a ser cumprida.
O dilema, que não é pequeno, é o seguinte. O Supremo faria concessões aos chefes do golpe, depois de todo o esforço para enquadrá-los e submetê-los a julgamentos e oferecer aos brasileiros a decisão história do encarceramento de militares? 2026 está logo ali.