Um passeio de 14 anos
por Ricardo Mezavila
Foi por ódio político e radicalismo ideológico que ‘ambulantes, costureiras, cabelereiras e senhoras evangélicas’ invadiram e depredaram os espaços físicos dos três poderes, dando o start para que as forças armadas dessem um golpe e tomassem o poder.
Convenhamos que esse ódio e radicalismo não nasceram do acaso. Foram plantados na sociedade por extremistas fascistas e adubados pela elite detentora dos meios de comunicação, que viram as sementes vingarem dentro de corações predispostos a apoiarem impeachment, lawfare e perseguição política a partidos e líderes progressistas.
No caso mais recente, em que o STF julgou e condenou uma ativista da extrema direita a quatorze anos de detenção, por tentativa de abolição do estado democrático de direito, golpe de estado, dano qualificado, deterioração de patrimônio tombado e associação criminosa armada, algumas lições devem ficar para quem pensar em participar de outro ato terrorista.
A ré em questão é Débora Rodrigues dos Santos, fotografada pichando a estátua “A Justiça” que fica em frente ao STF, com a frase ‘Perdeu, Mané’, escrita com batom.
O argumento da defesa e familiares é que isso não pode ser motivo para uma pena de quatorze anos. Acontece que Débora foi condenada, segundo o ministro Alexandre de Moraes, por ter aderido, desde o final das eleições de 2022, a movimentos que negavam a legitimidade do processo eleitoral.
A cabeleireira, participou de acampamentos na frente de quartéis, onde se pregava insistentemente uma intervenção militar, apoiou publicamente a ruptura da ordem constitucional e, no dia 8 de janeiro de 2023, integrou o grupo que invadiu e depredou as sedes dos Três Poderes, justificando os crimes em que foi acusada pela PGR.
O que muita gente não sabe, é que dois terços dos detidos em oito de janeiro, tiveram a opção de, pela PGR, fazer um acordo de Não Persecução Penal, que sujeitaria a possibilidade de não serem condenados e a devolução do passaporte em troca de pagamento de multa de cinco mil reais, para quem pudesse pagar, um curso sobre democracia no Ministério Público e dois anos sem rede social.
Acreditem, mais da metade não quis o acordo, o que reforça a tese de que não eram inocentes trabalhadores e senhoras com a bíblia debaixo do braço fazendo um passeio no parque, em Brasília.
Os julgamentos estão progredindo e alcançaram a cúpula do golpe. Os mentores beneficiários da trama golpista, caso tivessem obtido sucesso, serão julgados em três sessões, duas dia 25 e uma dia 26, pela primeira turma do STF.
Calcula-se que a pena para a prateleira de cima ficará em torno de 28 anos. A defesa do chefe da organização criminosa armada, Jair Bolsonaro, certamente entrará com recurso. Esse período entre pós julgamento e entrada de recurso será a senha para a tentativa de fuga do chefe da ORCRIM.
Nos EUA, seu filho Eduardo, atua como rabo de lagartixa, para envolver o Parlamento norte-americano em uma conspiração antipatriótica. O deputado licenciado está renunciando a uma vaga ao senado em 2026, o que seria vital na formação de maioria para o impedimento do Ministro Alexandre de Moraes, para planejar a fuga de seu querido pai com o improvável consentimento de Donald Trump.
Ricardo Mezavila, cientista político
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