Entre as ilegalidades praticadas pelo ditador de toga Alexandre de Moraes, ministro do Superior Tribunal Federal (STF), está o controle da divulgação de elementos importantes nas investigações que envolvem pessoas importantes na luta política. De maneira completamente arbitrária, Moraes ora nega à defesa o acesso a informações, ora divulga à imprensa aquilo que julga importante para mobilizar a opinião pública contra alguém.
Em meio a esse jogo, no entanto, Moraes, cuja inteligência nunca foi seu forte – apesar da brilhante careca -, acaba também divulgando informações que revelam o caráter ilegal de sua conduta enquanto magistrado. A divulgação da delação de Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), é mais um caso no qual o tiro de Moraes saiu pela culatra.
Moraes pretendia, com a divulgação das imagens, que foram lançadas a público em sincronia com a denúncia formal de Bolsonaro ao STF, criar uma comoção nacional contra o ex-presidente, que teria tentado organizar um golpe de Estado. A delação de Cid, no entanto, não comprova nada, e até inocenta Bolsonaro de algumas acusações. Ao mesmo tempo, expôs o ditadorzinho fuleiro que é Alexandre de Moraes.
Antes de Cid iniciar o seu depoimento, Moraes fez questão de lembrar os termos da delação premiada. Isto é, que, caso Cid não colaborasse, ele seria preso e seu pai, sua esposa e sua filha, “investigados”.
Para bom entendedor, meia palavra basta. Levando em consideração que Moraes age como se fosse dono do País, “investigar” alguém pode muito bem ser sinônimo de “prender”. Moraes coagiu Cid a delatar Bolsonaro, simples assim.
A coação põe a delação de Cid como um todo sob suspeita. Antes de sua publicação, áudios vazados do ex-ajudante de ordens já indicavam que ele havia sido pressionado para dizer aquilo que era exigido por seus interrogadores.
A atitude de Moraes apenas reforça que o mais careca dos ministros do STF, embora fale tanto de “democracia”, não tem respeito algum pelos direitos democráticos do povo brasileiro. Aqui, o skinhead de toga repete a mesma conduta ao mandar derrubar as redes sociais do Partido da Causa Operária (PCO) por não gostar do que foi publicado, ao mandar investigar homens que prestariam serviço em sua casa, ao prender em flagrante um deputado em exercício por publicar um desabafo em vídeo, por sentenciar a mais de 15 anos de prisão pessoas que participam de uma manifestação.
A Justiça brasileira chegou a esse ponto, em que um juiz coage abertamente alguém para incriminar um desafeto político. Cabe destacar que Moraes faz isso com tanta naturalidade que nem mesmo passou por sua cabeça oval que as imagens poderiam ser contestadas. Afinal, o regime se tornou tão arbitrário que os juízes pensam que, de fato, são deuses.
Moraes e seus pares estão conduzindo o País a um regime que é, em muitos aspectos, inovador no que diz respeito à perseguição política. Nem mesmo na ditadura militar os juízes se comportavam de tal maneira. Havia, sim, a tortura nos porões da ditadura – e, de certa forma, já há essa tortura, ao menos psicológica, com os “instigados” a “delatar”. Mas, uma vez no tribunal, os juízes não ameaçavam os réus.
É inacreditável.