Há um ano, os incêndios florestais que devastaram o Havaí revelaram uma crise profunda que ultrapassa o discurso propagandístico da crise climática. Estes eventos expuseram, de forma crua, a crise do imperialismo norte-americano, revelando as falhas estruturais e a falta de preparo de uma das maiores potências mundiais para lidar com desastres naturais.
Os incêndios que ocorreram no Havaí em 2023 foram catastróficos, causando destruição em grande escala e deslocando milhares de residentes. Os incêndios alastrados pelo vento provocaram evacuações, causaram danos generalizados e mataram pelo menos 114 pessoas, deixando ainda pelo menos 1.300 pessoas desaparecidas entre cinzas e destroços. Estima-se que mais de 2.200 edifícios foram destruídos, a maioria deles residenciais. No entanto, o governo norte-americano e os principais veículos de imprensa rapidamente atribuíram a culpa à crise climática, apontando para o aumento das temperaturas globais e as condições secas como os principais culpados.
A crise climática é frequentemente utilizada como uma cortina de fumaça para desviar a atenção dos verdadeiros problemas estruturais. O governo dos EUA e as grandes corporações preferem acusar as mudanças climáticas, um fenômeno global e difuso, ao invés de enfrentar as falhas sistêmicas de seu próprio modelo de governo e economia.
A falta de investimentos em infraestrutura adequada para prevenção e combate a incêndios, assim como a ausência de políticas públicas eficazes de gestão de terras, são evidências claras de negligência por parte das autoridades. Em vez de investir em sistemas de alerta precoce e em estratégias de mitigação de desastres, os recursos são frequentemente desviados para sustentar a máquina militar imperialista.
A utilização da crise climática como justificativa para todos os males que afligem o planeta é uma estratégia deliberada para evitar a crítica ao sistema capitalista e imperialista. Isto, no entanto, não passa de pretexto para promover políticas específicas, que beneficiam as grandes corporações e o imperialismo, ao mesmo tempo em que aliena a classe trabalhadora das reais causas de sua opressão e miséria.
Para ilustrar ainda mais a falácia da narrativa da crise climática, podemos comparar os incêndios florestais no Havaí com outros incidentes similares ao redor do mundo. Recentemente, incêndios na Argélia resultaram em 15 mortos e 26 feridos, com 97 focos de incêndio registrados em 16 prefeituras. Esses incidentes revelam uma tendência global de negligência estatal e incapacidade de gestão eficaz de desastres, independentemente das condições climáticas específicas.
A verdadeira crise que o mundo enfrenta não é apenas ambiental, mas profundamente enraizada nas estruturas de poder e dominação imperialista. O sistema capitalista, impulsionado pela busca incessante por lucro e pela rapina dos recursos públicos para tal, é o principal responsável pela degradação ambiental e pelas condições que tornam eventos climáticos extremos ainda mais devastadores.
Os incêndios florestais no Havaí, um ano depois, continuam a servir como um lembrete gritante da falha sistêmica do imperialismo americano. A crise que o mundo enfrenta não é climática, mas profundamente política e econômica. Até que se confrontem e se desmantelam a política neoliberal e o imperialismo, desastres como os incêndios no Havaí se repetirão, com o mesmo padrão de negligência e irresponsabilidade.