O Itamaraty anunciou nesta quarta-feira 18 a saída do último contingente de autoridades brasileiras que se encontrava em território israelense.
As duas comitivas brasileiras conseguiram deixar Israel através da fronteira com a Jordânia. O primeiro grupo, composto por prefeitos e gestores municipais, já havia partido na segunda-feira 16. O segundo contingente, formado por outras autoridades, completou a retirada hoje.
O fechamento do espaço aéreo israelense, consequência direta da escalada militar na região, forçou os grupos a optarem pela rota terrestre. A saída, negociada pelo chanceler Mauro Vieira com autoridades da Jordânia, foi organizada com escala na Arábia Saudita antes do retorno ao Brasil.
O deslocamento forçado das das autoridades tem a ver com a intensificação dos confrontos entre Israel e Irã. Os embates, que começaram na sexta-feira passada 13, já resultaram em 248 vítimas fatais, de acordo com dados das autoridades locais.
A presença das comitivas brasileiras em Israel também gerou desentendimentos diplomáticos. Isso se deve ao fato de que o Ministério das Relações Exteriores alega que emitiu orientações desencorajando viagens para a região, o que teria sido ignorado pelo grupo de autoridades.
Segundo o Itamaraty, os gestores municipais desrespeitaram essas recomendações oficiais. As autoridades diplomáticas já haviam alertado sobre os riscos decorrentes não apenas dos confrontos com o Irã, mas também dos conflitos paralelos com o Hamas em Gaza e com o Hezbollah no Líbano.
Em resposta às críticas do Itamaraty, a delegação brasileira publicou nota dizendo que a viagem foi comunicada às autoridades competentes.
“Se a representação diplomática foi previamente avisada, como reconheceram seus próprios representantes, questionamos a ausência de qualquer advertência formal ou impedimento à realização da missão”, disse o grupo, cuja viagem foi feita sob convite de Israel.
“Mais grave ainda é que, em meio a um cenário de guerra, quando autoridades brasileiras – eleitas e em pleno exercício de suas funções – se encontram sob risco e buscam o apoio do seu país, recebam como resposta um comunicado que mais se assemelha a uma reprimenda do que a uma manifestação de solidariedade e proteção”, complementou o grupo.