A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) é uma das vítimas da grande crise econômica que assola o país e corre risco de fechamento por falta de verba. A maior universidade federal do país, que já vinha enfrentando graves dificuldades nos últimos anos, chegou a ser ameaçada de fechamento em ao menos três ocasiões desde 2017, conforme alertas feitos pelas próprias reitorias. Agora, mais uma vez, a universidade se vê à beira do colapso. Em nota recente, a reitoria da UFRJ anunciou medidas emergenciais diante de novos cortes no orçamento: suspensão de despesas com combustível, manutenção de frota e aquisição de materiais de consumo. Apenas serviços absolutamente essenciais, como assistência estudantil, segurança e o restaurante universitário, seguem garantidos — por enquanto.

O novo decreto orçamentário (nº 12.448), editado pelo governo no final de abril, alterou os limites de empenho das universidades federais, o que, na prática, significa o bloqueio de recursos já previstos. Segundo o pró-reitor de Planejamento, Orçamento e Finanças da UFRJ, Hélios Malebranche, o déficit real da universidade é de R$ 173 milhões. “Estamos funcionando com apenas 64% do necessário. O mês de maio está completamente comprometido, porque, no momento, não temos limite nenhum de orçamento para funcionar”, afirmou.

A universidade operava com repasses mensais baseados nos duodécimos, mas agora, com o novo decreto, o repasse esperado foi reduzido de 5/12 avos para 5/18 avos. Isso significa que o governo recolheu parte dos recursos já autorizados, jogando a instituição para um funcionamento fictício. Se o ritmo de execução fosse constante, os recursos atuais seriam suficientes apenas até o início de abril — mas já estamos em junho.

Além dessa crise orçamentária, tivemos também, no mês de abril, a greve dos terceirizados do restaurante universitário. Os funcionários do bandejão denunciavam atraso de salário, ausência de benefícios e o não pagamento do FGTS por parte da empresa Nutrienergy. Em meio à greve, os estudantes do DCE chegaram a ocupar o bandejão e servir as refeições por conta própria, em apoio aos grevistas. O caso escancara também a política criminosa de terceirização, que joga os direitos dos trabalhadores no lixo.

A crise afeta todos: estudantes, professores e demais funcionários. O problema orçamentário indica a tendência de destruição das universidades e de tudo aquilo que é público. O governo Lula, que está totalmente no bolso da direita, vacila ao não se posicionar para conter a crise.

O objetivo da burguesia é asfixiar o pouco que resta ao povo brasileiro. Sucatear as universidades é um passo para entregar tudo nas mãos da iniciativa privada, além de conter o movimento estudantil.

Em meio a essa crise toda, é a juventude que ocupa o papel de puxar as mobilizações no Brasil e no mundo. Com a questão da Palestina, vimos universitários norte-americanos realizando enormes manifestações e ocupando as universidades. O movimento se radicalizava cada vez mais, levando a burguesia a reprimi-los duramente.

Na própria UFRJ, um estudante de Comunicação Visual e Design foi processado pela Federação Israelense do Rio de Janeiro por ter participado de uma exposição em defesa da Palestina no ano passado, na Escola de Belas Artes. Mais uma conduta criminosa das entidades sionistas infiltradas no país, tentando intimidar aqueles que se opõem ao genocídio na Faixa de Gaza através da censura.

A crise na UFRJ indica a necessidade de uma mobilização dos estudantes e da juventude como um todo. A situação política no Brasil e no mundo tende a se agravar cada vez mais e é necessário dar uma resposta à altura dos acontecimentos. Com o risco muito concreto de fechamento de uma das maiores universidades do país, é preciso uma ampla campanha para realizar uma grande greve, envolvendo todos os setores (estudantes, professores e funcionários) e fazendo um chamado nacional em defesa das universidades.

Os estudantes devem exigir do governo uma solução para a crise orçamentária da UFRJ. O caminho da mobilização é a única alternativa para impedir os ataques da direita contra os estudantes.

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Last Update: 21/06/2025