Governador do Banco do Japão afirma que o impacto das tarifas já afeta empresas e famílias, e que o BOJ está pronto para agir politicamente conforme a evolução dos riscos


O governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmou que a campanha de tarifas do presidente Donald Trump levou a economia a um “cenário ruim”, que poderia forçar o banco central a tomar medidas de política monetária, relatou o jornal Sankei nesta quarta-feira.

Em entrevista ao Sankei, Ueda reiterou a postura política do BOJ de elevar as taxas de juros se as projeções econômicas se concretizarem. Ao mesmo tempo, ele também indicou a possibilidade de uma ação política enquanto o banco central ainda está no processo de analisar a situação econômica e de mercado.

“Embora uma resposta política possa ser necessária, dependendo da situação, tomaremos uma decisão apropriada de acordo com as mudanças”, disse Ueda na entrevista, realizada na segunda-feira. Ele também afirmou que as autoridades continuarão ajustando o grau de flexibilização se a economia e os preços seguirem conforme as expectativas do banco.

As declarações mais recentes de Ueda estão alinhadas com os sinais que ele tem enviado no parlamento, onde alertou sobre pressões de baixa na economia e o aumento das incertezas relacionadas aos desenvolvimentos do comércio global.

Os comentários mostram que o BOJ está monitorando cuidadosamente as tarifas dos EUA e avaliando seus possíveis impactos, reforçando especulações de que as autoridades dificilmente considerarão um aumento de juros no curto prazo. Ao reiterar a postura existente de buscar um aumento se as condições permitirem, Ueda sinalizou que o banco mantém suas opções em aberto. Dados econômicos recentes sugeriam que a tendência de preços estava subindo em direção à meta do BOJ — pelo menos até as tarifas de Trump entrarem em vigor.

O iene teve volatilidade após o relatório do Sankei.

“Ele deixou claro que a política tarifária dos EUA é um cenário ruim, e a impressão geral foi de tom mais cauteloso”, disse Katsutoshi Inadome, estrategista sênior da Sumitomo Mitsui Trust Asset Management.

Ueda afirmou que, embora houvesse especulações de que as medidas tarifárias poderiam não ser tão negativas, a situação vem se encaminhando para um cenário ruim desde fevereiro. O banco elevou sua taxa básica para 0,5% em janeiro.

Os comentários de Ueda ocorrem no momento em que muitos economistas reduziram as previsões de crescimento para o Japão e revisaram as expectativas sobre a possibilidade de outro aumento de juros do BOJ, após Trump impor tarifas mais altas do que o esperado em algumas das principais exportações japonesas, incluindo automóveis.

Ueda disse que continuará avaliando o impacto das tarifas na economia por meio de informações coletadas em audiências com entidades econômicas, já que os dados por si só não serão suficientes.

“O sentimento de algumas empresas e famílias já foi afetado”, disse Ueda na entrevista. “Conduziremos nossa política de forma apropriada, de acordo com mudanças na avaliação de riscos e projeções.”

Espera-se amplamente que o BOJ mantenha suas configurações inalteradas na próxima decisão de política monetária, em 1º de maio.

Com informações de Bloomberg*

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Last Update: 16/04/2025