A ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor uma tarifa de 30% sobre as importações da União Europeia (UE) acendeu o sinal vermelho em Bruxelas. A resposta veio nesta segunda-feira (14): para os países-membros do bloco, a medida é “absolutamente inaceitável”, conforme declarou o ministro das Relações Exteriores da Dinamarca, Lars Lokke Rasmussen, em coletiva de imprensa conjunta com o chefe de Comércio da UE, Maros Sefcovic.
Ambos reforçaram o compromisso da União Europeia em buscar uma solução negociada, mas deixaram claro que estão prontos para reagir, caso as conversas com Washington fracassem.
“São necessárias duas mãos para aplaudir”
Durante o encontro em Bruxelas, Sefcovic sublinhou que a União Europeia não recua diante de conflitos sem antes tentar um entendimento. “A UE nunca desiste sem um esforço genuíno, especialmente considerando o trabalho árduo investido, o quão perto estamos de fechar um acordo e os claros benefícios da solução negociada. Mas, como eu disse antes, são necessárias duas mãos para aplaudir”, afirmou.
O tom diplomático, no entanto, não escondeu a crescente insatisfação dos europeus. Segundo Rasmussen, caso não haja uma “solução satisfatória”, o bloco está pronto para reagir com “contramedidas robustas e proporcionais”.
Novas alianças
Diante da instabilidade nas relações com os EUA, a União Europeia também anunciou a intenção de acelerar parcerias estratégicas com o Mercosul e o México, em uma tentativa de diversificar sua rede comercial. “Precisamos finalizar esses acordos o mais rápido possível”, declarou Rasmussen.
A movimentação evidencia a busca do bloco por alternativas sólidas em meio ao aumento das tensões com Washington.
Brasil lidera em tarifa e bloco mantém suspensão
Desde abril, Trump vem pressionando parceiros comerciais ao estabelecer taxas mínimas para negociação, o que já gerou 25 notificações a diferentes países. O Brasil foi o mais afetado até agora, liderando com a maior tarifa anunciada.
Na tentativa de evitar um confronto direto, a UE estendeu a suspensão de suas medidas retaliatórias até 1º de agosto, prazo dado pelo próprio governo norte-americano para iniciar a aplicação das chamadas “tarifas recíprocas”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, confirmou no domingo (13) que o objetivo da suspensão é ganhar tempo para negociações e evitar o agravamento do conflito comercial.
Bilhões em jogo
O impacto financeiro da disputa é expressivo. Um primeiro pacote de contramedidas europeias, que afetaria 21 bilhões de euros (US$ 24,6 bilhões) em produtos americanos, foi suspenso por 90 dias em abril. Com o prazo expirando, um segundo pacote, ainda em formulação, poderá atingir 72 bilhões de euros, mas depende de aprovação dos Estados-membros para entrar em vigor.