A União Europeia reforçou sua política de censura contra veículos de comunicação russos ao bloquear canais de grandes meios de comunicação do país no Telegram, em medida implementada na madrugada do domingo (29). Usuários do bloco agora encontram uma mensagem indicando que o acesso foi restringido por supostas “violações de leis locais”, com todo o conteúdo dos canais indisponível.
Entre os veículos atingidos estão nomes de destaque como Notícias da Rússia, Izvestia, Rossiya 1, Canal Um, NTV e Gazeta Russa. Relatos apontam que as restrições foram aplicadas em países como Polônia, Bélgica, França, Holanda, Grécia, Itália e República Tcheca, embora não esteja confirmado se o bloqueio é válido para toda a União Europeia.
A censura ocorre em um momento em que a hostilidade do imperialismo contra a imprensa russa aumenta cada vez mais, intensificada desde a operação especial russa na Ucrânia. Em maio deste ano, alguns desses mesmos veículos já haviam sido banidos de transmitir na União Europeia. Na ocasião, o Conselho da UE justificou a decisão acusando os meios de comunicação de estarem sob o “controle direto ou indireto” do governo russo e desempenharem um papel “essencial e instrumental” nas hostilidades.
Até o momento, não houve declarações oficiais por parte do Telegram, da União Europeia ou de governos dos países envolvidos explicando a decisão. Entretanto, autoridades russas criticaram duramente a medida. O senador Sergey Petrov, que preside o comitê de política de imprensa do Conselho da Federação, afirmou que o bloqueio faz parte de um esforço coordenado para estabelecer uma “cortina de ferro informacional” entre a Europa e a Rússia. Ele também sugeriu que a medida reflete a “fragilidade” das lideranças imperialistas, especialmente em questões relacionadas ao conflito ucraniano e a crises internas no bloco.
A censura contra a imprensa russa não é um episódio isolado. Desde o início da operação militar russa na Ucrânia, a União Europeia tem adotado medidas para restringir o acesso a conteúdos considerados “pró-Rússia”. Um exemplo disso foi o bloqueio de todos os canais da emissora russa Russia Today (RT) no Telegram em março de 2022. Cabe ressaltar que a RT já era alvo de sanções e de campanhas de calúnia por parte de governos imperialistas muito antes do conflito atual.
Ao mesmo tempo, o bloqueio de órgãos como Gazeta Russa, Izvestia e Notícias da Rússia evidencia a tentativa de impedir qualquer alternativa às mentiras contadas pela imprensa imperialistas. A justificativa usada pela União Europeia de que esses meios de comunicação seriam “instrumentos de propaganda” do Kremlin demonstra, na prática, o alinhamento do bloco com os interesses de Washington, que tem liderado a ofensiva mundial contra a Rússia.
A proibição dos canais russos no Telegram europeu representa um grave ataque à liberdade de expressão e de imprensa. A plataforma tem sido um espaço importante para a divulgação de conteúdos independentes, especialmente em tempos de guerra.
Autoridades russas denunciaram a hipocrisia das ações da UE, que frequentemente critica países como a Rússia e a China por supostamente controlarem a imprensa, mas recorre às mesmas práticas para restringir conteúdos que questionam sua política genocida. O senador Sergey Petrov, citado anteriormente, também destacou que o bloqueio expressa uma tentativa de “proteger o público europeu de informações inconvenientes” e denunciou que as lideranças do bloco estão promovendo um verdadeiro “cerco informacional” contra a Rússia.
O endurecimento das medidas contra a imprensa russa também pode ser interpretado como um sintoma de uma crise mais ampla. À medida que a opinião pública nos países imperialistas se torna cada vez mais crítica em relação à condução da guerra na Ucrânia e às políticas locais dos governos europeus, o bloqueio da imprensa alternativa ao imperialismo evidencia o receio de que as mentiras contadas pela imprensa burguesa percam cada vez mais força.