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A queda de Bashar al-Assad é reflexo direto da fragilidade de seus aliados históricos, como o Hezbollah, e da falta de suporte da Rússia e do Irã, afirmou Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da Comissão de Inquérito da ONU sobre a Síria. “A retirada de efetivos e recursos desses países abriu uma janela de oportunidade para os rebeldes sírios avançarem rapidamente”, destacou o especialista brasileiro. Com informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Pinheiro relacionou a situação à guerra na Ucrânia, que absorveu grande parte do material e do efetivo militar russo, reduzindo sua capacidade de apoiar o regime sírio. “A prioridade da Rússia está na Ucrânia, e o Hezbollah foi enfraquecido por sucessivos ataques de Israel nos últimos meses. Essa combinação deixou Assad vulnerável”, explicou. Desde julho, o Hezbollah sofreu mais de 100 ataques israelenses, impactando significativamente sua força.
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O especialista também apontou que, mesmo durante os anos de aparente estabilidade, a posição de Assad era ilusória. “A guerra nunca terminou; apenas se deslocou para áreas menos visíveis”, afirmou. Ele destacou que a ausência de milícias iranianas, do Hezbollah e da força aérea russa expôs a fragilidade do regime, que dependia desses suportes para se manter.
A Comissão de Inquérito da ONU pediu aos novos governantes da Síria que evitem retaliações contra minorias e garantam um processo de transição pacífico. “Esse é o momento de romper com décadas de repressão organizada pelo Estado”, afirmou Pinheiro. Ele ressaltou a importância de proteger os direitos humanos e preservar provas de crimes cometidos pelo regime de Assad.
A guerra civil na Síria, iniciada em 2011 durante a Primavera Árabe, já deixou mais de 500 mil mortos e milhões de deslocados. O avanço rebelde liderado pelo grupo Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) resultou na tomada de cidades estratégicas como Aleppo e Damasco. Pinheiro destacou que, apesar de críticas ao HTS, sua postura mais moderada nos últimos dias tem surpreendido observadores internacionais.
A libertação de prisioneiros políticos em Damasco e em outras regiões foi apontada como um marco simbólico. “Ver os portões da prisão de Sednaya abertos é algo que milhões de sírios jamais imaginaram. Agora, o desafio é garantir que essas atrocidades nunca mais se repitam”, disse Pinheiro. A prisão era conhecida por detenções arbitrárias e tortura.
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Sobre o papel internacional, Pinheiro observou que os Estados Unidos e a Europa se mantiveram distantes, enquanto a Turquia ganhou influência por apoiar facções rebeldes. Ele também mencionou que Israel, que se beneficiou da fragilidade síria, tem sua atenção voltada para Gaza, diminuindo sua interferência direta. “Os ganhos políticos são complexos, mas a queda de Assad pode mudar o equilíbrio na região”, concluiu.
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