A União Brasileira de Mulheres (UBM) apresentou recurso na 5ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), nesta terça-feira (22), pedindo que seja aplicada a pena máxima ao jogador de futebol Dudu, do Atlético Mineiro, condenado pela Corte por misoginia praticada contra a presidente do Palmeiras, Leila Pereira.

A entidade foi a responsável por apresentar a primeira denúncia contra o jogador e por isso pôde, agora, apresentar o recurso. A UBM quer a aplicação da pena máxima a Dudu, com dez partidas de suspensão em vez de seis (uma já foi cumprida) e a ampliação do valor da multa de R$ 90 mil para R$ 100 mil, como forma de reforçar a gravidade da conduta do atleta.

Para Vanja Andrea Santos, presidenta da UBM, a resposta do STJD para o caso foi importante, “sobretudo pelo julgamento na perspectiva de gênero e pela conclusão unânime de que houve crime”. No entanto, argumentou que “a pena deveria ser compatível com a responsabilidade que ele, Dudu, tem que ter dentro e fora dos campos”.

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Ela lembrou que o atleta — assim como tantos outros que já cometeram crimes contra mulheres — “é a imagem do futebol brasileiro para o mundo. Temos de adotar tolerância zero para atitudes que reforcem o ódio e discriminação de gênero, por isso pedimos a pena máxima”.

Vanja salientou, ainda, que “não podemos naturalizar as violências contra as mulheres em nenhum espaço e sob nenhuma ‘justificativa’. A misoginia presente em declarações como as que foram feitas por Dudu são geralmente tratadas como ‘brincadeira’ ou de ‘menor importância’ depois de fazer uma exposição negativa e de fragilização da imagem da mulher Leila, presidenta do clube que tinha seu passe”.

Ofensas e condenação

O julgamento que estabeleceu a punição de Dudu ocorreu no último dia 18. A base da denúncia foram postagens ofensivas que o jogador fez contra Leila Pereira em uma rede social. Em uma das publicações, o jogador afirmou que “todo mundo sabe como ela chegou a ser presidente do Palmeiras”, além de mandar um “VTNC” à dirigente.

Os ataques tiveram origem em desentendimentos ocorridos durante processo de negociação do jogador no ano passado, envolvendo o Palmeiras, onde ele jogava, e o Cruzeiro, que almejava seu passe.

Com base na denúncia apresentada pela UBM, foi aberto inquérito para investigar a infração. Leila e Dudu foram ouvidos e o caso rendeu denúncia da Procuradoria contra o atacante por infração ao artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD) por discriminação.

Durante o julgamento, Leila declarou: “Não tenho dúvida de que fui vítima de misoginia”. Na ocasião, ela também disparou: “Esses agressores são covardes. A maior prova eu estou vivendo aqui. Que esse atleta me agrediu, me ofendeu, e cadê ele? Gravou um videozinho que deve ter lido no TP (teleprompter)”. A referência de Leila diz respeito ao fato de Dudu não ter comparecido ao julgamento, enviando vídeo em sua própria defesa.

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Last Update: 23/07/2025