Sobre os atos do dia 7 de setembro de 2025, em São Paulo
Por Ubiratan P. Santos*
O ato organizado pela extrema direita na Av. Paulista, em São Paulo, superou em bom número ao realizado pelas forças de esquerda na Praça da República.
Repetidamente as forças conservadoras vêm realizando atos com muito maior número de pessoas do que os atos organizados pelas forças de esquerda, progressistas, democráticas, populares ou o nome a gosto. Tiveram início no governo Dilma e não mais cessaram.
No evento de domingo 07 de setembro, o Ato na Praça da República contou com maior participação dos partidos políticos, de seus parlamentares e dirigentes, mais presentes do que nos últimos atos que ocorreram neste ano. E, também, a convocatória recebeu mais atenção de importantes e graduados militantes do PT. Entretanto, não houve, pelo menos de conhecimento público, uma convocação por parte das direções Nacional, Estadual, Municipal e dos zonais do PT, para que os militantes e parlamentares (federais, estaduais e vereadores) comparecem todos ao ato e com esforço de convocação, pelos mesmos, de simpatizantes e da população em geral para um evento que tinha como objetivo: a eliminação da escala 6×1; em defesa da soberania nacional afrontada pelos EUA, com apoio da famíglia bolsonara et caterva; em defesa da democracia e, portanto, sem anistia aos criminosos organizadores da tentativa de golpe de estado e de assassinatos, e pela taxação dos mais ricos com a isenção de IR aos mais pobres. E convocação feita com folhetos, panfletos e textos enviados pelas mídias sociais, explicando de forma objetiva e compreensível ao povo comum, o porquê dessa pauta e da necessidade de presença na manifestação.
Mas um fato ou fator chama atenção nas manifestações. A direita, a extrema e a habitual, marca presença nos atos com seus governadores e contou com a presença da presidência da república de 2019 a 2022. Eles sabem que tem lado, explicitam e precisam, como governo, reafirmar e mobilizar os seus. Sabem que seus partidos deixados à própria sorte não mobilizam ninguém. E a esquerda, os progressistas? Não tem o governo maioria interna para apoiar a pauta do ato? Não parece que carece disso. Exerce um republicanismo de academia paraguaia, provavelmente para evitar patrulha da mídia corporativa. Uma coisa é governar o país com seus 213 milhões de habitantes, de respeitar a independência dos poderes, de buscar um consenso no seio do governo em torno de pontos fundantes, como os presentes na pauta antes referida. Outro é virar as costas para a necessidade de o Governo mostrar que também tem lado, quais suas prioridades e o porquê delas e que para que elas sejam vencedoras, em benefício do povo, é preciso que o povo exerça a direito de manifestação em defesa de seus interesses.
O quadro político reconheceu uma melhora nas ações e aprovação do governo, em função dos “presentes” advindos dos sucessivos erros da direita e ajuda do trumpismo, mas erram os que acham que a eleição está ganha e que o certo é não fazer marola, não confrontar nas ruas os que nos confrontam. A descaracterização, a demonstração de falta de aguerrimento e de empenho para vencer uma grande batalha por um Brasil melhor, não passa despercebido aos olhos e aos sentimentos do povo, ele vem assistindo anódino aos acontecimentos. A história não perdoará.
SP: 08/09/2025
*Ubiratan P. Santos é médico.
Este artigo não representa obrigatoriamente a opinião do Viomundo.
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