Preso desde 14 de dezembro, o general do Exército Paulo Henrique Braga Netto negou interesse em um acordo de delação, segundo a defesa informou ao longo da semana, porque o militar não cometeu crime algum.
No entanto, o historiador Luís Carlos Neto, convidado do programa TVGGN 20H da última quinta-feira (19), não acredita que o militar vai permanecer calado.
Isso porque o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, também descartou o acordo após ser preso e voltou atrás tempos depois.
O entrevistado ressaltou que o atual advogado de Braga Netto, José Luiz Oliveira Lima, mais conhecido como Juca, é defensor do instituto da colaboração premiada, estratégia adotada por vários de seus clientes.
“Ele entende que a colaboração premiada é um instrumento válido que o indivíduo pode se usar, que a defesa pode se usar”, resume o entrevistado.
Segundo a defesa, o general vai dar sua versão sobre como o dinheiro chegou aos militares que seriam responsáveis pelo golpe de Estado e pelo assassinato de autoridades. Após a declaração, Braga acredita que será solto, pois sua versão contraria a delação de Mauro Cid.
“Porém, quem leu, assim como eu, as 33 páginas que fundamentaram o pedido de prisão do Braga Netto, ele não foi preso, porque o Cid revelou como é que ele deu os R$ 100 mil reais para os militares. Ele foi preso por obstrução de Justiça”, observa o historiador.
Traidores
Uma das resistências de Braga Netto e também do general Heleno, acusado de integrar a conluio golpista, é a possibilidade de serem vistos como “traidores”, na avaliação do historiador.
Porém, Luís Carlos Neto explica como funcionaria possíveis dosimetrias das penas que recairão sobre Braga Netto se o militar for condenado e mostra que a colaboração com as investigações e acordos de delação podem reduzir uma pena de 30 anos de reclusão para menos de dois anos de detenção.
“É tentador. E ele ainda deu sorte, porque ele ainda tem uma pessoa acima dele, que é o Bolsonaro. Ele está na última linha ali que a lei garante a possibilidade de ele fazer uma colaboração premiada. Talvez o público não saiba, mas não é qualquer pessoa que pode fazer uma delação. Para fazer uma delação premiada, você tem que delatar alguém que tá acima de você na hierarquia da organização criminosa”, explica o historiador.
Luís Carlos Neto acredita que, diante do que a Polícia Federal já deve ter de provas, a delação de Braga Netto pode ser até desnecessária.
Consequentemente, para os advogados de defesa, restará a estratégia de tentar reduzir a pena do cliente ao máximo. “No caso do Braga Netto, pela materialidade que a polícia tem, não tem como ele livrar o Braga Neto de não pegar nenhum tipo de pena”, aposta o historiador.
Confira a entrevista completa na TVGGN:
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