TV vomitório
por Homero Fonseca
Acabo de assistir na TV ao noticiário sobre o ataque americano ao Irã. É de vomitar.
O apresentador engravatado repete os argumentos (sem tirar nem por) do Departamento de Estado.
Chama o repórter, sediado em Nova Iorque, que repete os argumentos do Departamento de Estado.
O repórter cita um figurão civil americano, que repete os argumentos do Departamento de Estado. Em seguida, um figurão militar americano, que repete os argumentos do Departamento de Estado.
Volta ao apresentador que introduz a fala de ontem de Donald Trump, que é a base dos argumentos do Departamento de Estado.
Nenhuma palavra crítica. O ataque americano a uma nação soberana, que não está em guerra com os EUA, é visto com uma naturalidade assombrosa. Assim como a declaração cínica de que “o ataque não significa guerra ao Irã” (sem comentários). A TV aceita como verdade a mais inverossímel das justificativas: tudo em nome da paz!
Isso tem nome: manipulação. Esse é o padrão de toda a mídia brasileira, desde sempre: repetir a versão do mundo do Departamento de Estado.
Homero Fonseca é pernambucano, escritor e jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Foi editor da revista Continente Multicultural, diretor de redação da Folha de Pernambuco, editor chefe do Diario de Pernambuco e repórter do Jornal do Commercio. Foi também professor de Teoria da Comunicação e recebeu menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Atualmente, dedica-se à literatura e mantém um blog em que aborda assuntos culturais.
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