Por Altamiro Borges
O site de entretenimento “NaTelinha” revelou nesta sexta-feira (16) que a TV Cultura voltou a atrasar o pagamento dos salários de seus profissionais. O governador Tarcísio de Freitas tem feito de tudo para sabotar a empresa e não esconde sua intenção de controlar a programação da emissora pública. Segundo a matéria, “a TV Cultura completou 55 anos em junho passado em meio a uma guerra de nervos. De um lado, a Fundação Padre Anchieta (FPA), mantenedora da emissora. Do outro, o governo de São Paulo”.
O atraso do pagamento dos PJs ocorreu devido à lentidão do repasse da verba estadual para a fundação. “Nos bastidores da emissora, o clima é péssimo. De acordo com colaboradores ouvidos pela reportagem, os atrasos, que têm se tornado frequentes, estariam acontecendo como uma forma de Tarcísio de Freitas pressionar a saída do presidente da Fundação Padre Anchieta, José Roberto Maluf, que tem mandato até 2025 e foi indicado pelo ex-governador João Doria”.
Os ataques do “moderado” fascista
O objetivo do fascista – que é tratado como “moderado” por setores da mídia – é obter o controle total sobre a direção do canal, “a ponto de interferir na linha editorial da TV Cultura e promover ajustes na grade de programação… O governador busca, em um primeiro momento, enquadrar José Roberto Maluf, visto como ‘independente’, e, por conseguinte, tomar as rédeas da emissora. Além do atraso nos pagamentos dos PJs, o medo de demissões é algo frequente na TV Cultura”.
O conselho da FPA tem 47 membros, sendo três vitalícios, 20 indicados pelo governo estadual, 23 eletivos e um representante dos profissionais da emissora. “No Palácio dos Bandeirantes, há críticas abundantes à gestão de José Roberto Maluf, seja pela falta de cobertura das ações do governo, seja pelo alinhamento com João Doria, com quem os fascistas possuem notória rivalidade política. Por outro lado, Maluf vem sendo elogiado por sua administração artística e apartidária entre os funcionários e diretores”.
Um patrimônio cultural do povo brasileiro
A guerra está em curso. O atraso dos salários é um dos torpedos. Outros já foram disparados. Em abril deste ano, o deputado Guto Zacarias, ex-dirigente da seita fascista Movimento Brasil Livre (MBL) e vice-líder do governador Tarcísio de Freitas na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), propôs uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar “irregularidades” na FPA. A CPI foi encarada como mais um dos ataques à gestão de José Roberto Maluf.
Na ocasião, entidades do audiovisual divulgaram um manifesto em que afirmaram estar “profundamente preocupadas” com os “rumores sobre tentativas de cerceamento da liberdade de expressão e cortes de verba destinadas ao canal”. O documento foi assinado pela Associação Paulista de Cineastas (Apaci), pela Associação das Produtoras Independentes do Audiovisual Brasileiro (API), pela Associação Brasileira de Autores Roteiristas (Abra) e pelo Conselho Federal da Brasil Audiovisual Independente (Bravi).
“É de suma importância que o poder público reafirme seu compromisso com o desenvolvimento democrático e cultural, garantindo a preservação e o fortalecimento de uma televisão pública de qualidade”, afirma o manifesto. Ele ainda enfatizava que a TV Cultura “é um patrimônio cultural brasileiro de valor inestimável, que merece ser preservado, fomentado e valorizado em toda sua amplitude”.
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