Novos protestos contra a prisão de Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul e rival político do presidente turco Recep Tayyip Erdogan ocorreram em Istambul nessa quinta-feira (20). Manifestações já haviam ocorrido na quarta-feira (19), dia em que Ekrem Imamoglu e 100 de seus aliados foram presos pelo governo turco.

Conforme noticiado pelo portal de notícias de The Cradle, dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas de Istambul novamente, apesar de o governo ter proibido formalmente, por quatro dias, as realizações de manifestações e reuniões. Manifestantes pediram a renúncia de Erdogan, com confrontos ocorrendo entre manifestantes e a polícia, que utilizou-se de bombas de efeito moral, jatos de água e balas de borracha contra os que protestavam. Por parte dos manifestantes, vídeos teriam registrado uso de coquetel molotov. O governo turco teria bloqueado plataformas de rede sociais já no dia em que a prisão foi realizada, e centenas de contas em redes sociais teriam sido identificadas, com dezenas de prisões realizadas, em razão de “publicações provocativas”.

Ainda na quarta-feira, a Procuradoria de Istambul anunciou a apreensão de empresa de Imamoglu: “com base nos relatórios do MASAK obtidos durante a investigação em 19/03/2025, a empresa İmamoğlu İnşaat Ticaret ve Sanayi Anonim Şirketi, de propriedade conjunta do suspeito Ekrem İmamoğlu, foi apreendida por decisão do tribunal criminal de paz a pedido do nosso Ministério Público“, declarou o Escritório do Procurador Chefe.

Segundo o jornal libanês Al-Akhbar, “a prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, no início desta semana, está sendo descrita como o acontecimento político mais dramático na Turquia desde a tentativa fracassada de golpe de 2016”, acrescentando que a força política de Imamoglu vem crescendo. Ele foi eleito prefeito de Istambul (maior cidade da Turquia) em 2019, e novamente em 2024, com maior número de votos, derrotando candidato apoiado pelo governo Erdogan por 12 pontos, conforme Al-Akhbar.

Imamoglu foi preso sob diversas acusações, dentre elas corrupção e de liderar organização terrorista vinculada ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), partido curdo há décadas considerado terrorista pelo Estado turco. Apesar dessas acusações, que se assemelha a acusações feitas pelo imperialismo contra seus adversários (corrupção, terrorismo), logo da prisão de Imamoglu, houve uma queda vertiginosa da moeda turca (a lira turca), indicando oposição do imperialismo. 

Acrescenta-se que Imamoglu, quando jovem, estudou na Universidade Girne American University em Kyrenia, Chipre do Norte, região do Chipre sob o controle da Turquia. O Chipre, por sua vez, serve como uma base do imperialismo no Mar Mediterrâneo, especialmente por parte do Reino Unido, acrescentando-se que a burguesia israelense vem, há alguns anos, comprando propriedades no país insular.

Além disso, em 2016 o imperialismo tentou perpetrar um golpe de Estado contra o governo Erdogan, utilizando-se de setor das forças armadas e parte da população. O golpe foi debelado, e houve um expurgo nas forças armadas turcas.

Durante os atuais protestos, foram veiculadas desinformações em canais de comunicação, muitas originadas de “Israel”, segundo as quais Erdogan teria fugido do país e que “rebeldes” teriam capturado o Departamento de Defesa ou o Ministério da Justiça, desinformações que já teriam sido desmentidas.

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Last Update: 22/03/2025