Os mercados financeiros apresentaram um espetáculo de pânico na segunda-feira (5).
Em Tóquio, o índice Nikkei caiu 12,4%, o maior recuo desde outubro de 1987, após o crash de Wall Street.
As bolsas europeias também fecharam em forte queda. O índice FTSE MIB, da Bolsa de Milão, registrou baixa de 2,26%, cenário que se repetiu em Londres (-2,04%), Frankfurt (-1,82%) e Paris (-1,42%).
Nos Estados Unidos, a queda ficou em torno de 3% e, por aqui, o recuo do Ibovespa foi mais suave, ficando em 0,68%.
Desta forma, a semana começou com o mesmo clima da sexta-feira (2), quando bolsas no mundo todo refletiram apreensão com os dados abaixo do esperado sobre a criação de empregos nos EUA em julho e previsões frustrantes de empresas de tecnologia, como Amazon e Intel, sinais de que uma nova recessão pode estar a caminho.
A crise é um fato inevitável no capitalismo
Os fatos confirmam um diagnóstico secular de Karl Marx de que as recessões são inevitáveis sob o capitalismo, sistema em que a economia se desenvolve em ciclos contraditórios que alternam momentos de euforia e prosperidade com fases críticas e depressivas.
Em nossa época, as crises tendem a ser mais agudas e generalizadas do que no tempo em que o grande pensador alemão escreveu O capital, sua obra prima.
A última crise que abalou o mundo capitalista, antes da pandemia da Covid-19, foi a chamada Grande Recessão que teve início também nos Estados Unidos no final de 2007 e logo se transformou numa crise financeira global.
A sucessão de crises ao longo do século 21 está também cada vez mais associada, tanto como causa quanto como efeito, à crise geopolítica e em geral exacerba o processo de desenvolvimento desigual enfraquecendo ainda mais as decadentes economias dos EUA e G7, além de alimentar os desequilíbrios comerciais e financeiros que hoje caracterizam o sistema imperialista.
Os mercados reagem com a racionalidade de uma manada, agravando os problemas e evidenciando a irracionalidade do capitalismo.
A crise, o genocídio na Faixa de Gaza, o conflito no leste europeu, as tragédias climáticas, a radicalização das tensões políticas e a ascensão da extrema direita, entre outros fenômenos da atualidade, são sinais que se acumulam do esgotamento da ordem mundial capitalista hegemonizada pelos Estados Unidos e da necessidade de superá-la o quanto antes e substituí-la por uma ordem pós-imperialista, efetivamente multinacional, sem hegemonismos e unilateralismo e fundada no respeito à soberania das nações, banimento das armas de destruição em massa e solução pacífica dos conflitos internacionais.