A aeronave A-29 Super Tucano, fabricada pela Embraer, foi oficialmente reconhecida pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e incluída no sistema de catalogação militar da aliança, o Nato Codification System (NCS).
A medida representa uma ampliação das possibilidades de exportação do modelo para os países-membros da Otan, segundo informações divulgadas pelo portal Infomoney.
Com a inclusão, o A-29 passa a ser identificado pelo código SOC, permitindo sua integração aos sistemas logísticos dos exércitos que compõem a aliança militar.
O registro viabiliza o compartilhamento padronizado de dados técnicos e operacionais entre os países signatários, facilitando processos como manutenção, reposição de peças e treinamentos conjuntos.
O sistema de catalogação da Otan é utilizado por mais de 60 países, incluindo todos os membros da organização, além de parceiros estratégicos. Por meio desse sistema, os itens militares são classificados com códigos padronizados, o que garante interoperabilidade e simplificação logística em operações multinacionais.
A Embraer, responsável pela produção do A-29, já havia firmado contratos com países fora da aliança atlântica, como Afeganistão, Líbano, Nigéria e Filipinas. A partir do novo enquadramento técnico da aeronave, a empresa poderá expandir sua atuação comercial no bloco formado por Estados Unidos, Canadá e nações europeias.
A aeronave A-29 é utilizada em missões de ataque leve, vigilância aérea e apoio tático. Seu projeto contempla operação em pistas não preparadas, autonomia elevada e capacidade de transportar armamentos diversos.
Além disso, a plataforma é considerada compatível com doutrinas militares que exigem agilidade e baixo custo de operação.
O banco Bradesco BBI, em relatório anterior intitulado Plano ReArm Europe cria oportunidade de crescimento para mais de 50 C-390 Millennium, já havia apontado a possibilidade de expansão nas exportações da Embraer no contexto do reequipamento das Forças Armadas europeias.
O estudo enfatizava o potencial de aquisição do modelo KC-390 Millennium, também fabricado pela companhia brasileira, em função do programa de modernização dos exércitos do continente.
Com o reconhecimento da Otan ao A-29, o Bradesco BBI agora projeta que esse movimento pode se estender à categoria de aeronaves de ataque leve, ampliando o escopo de negociações futuras.
A avaliação da instituição é que o novo status da aeronave facilita sua elegibilidade em programas de defesa financiados por países-membros, especialmente aqueles que buscam equipamentos já integrados ao sistema de catalogação da aliança.
O reconhecimento técnico da Otan ocorre em um momento de intensificação dos investimentos em defesa por parte de diversos países europeus.
Após a eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia, a aliança militar intensificou os esforços de reforço de capacidades operacionais e interoperabilidade entre seus membros. Nesse contexto, modelos com certificações internacionais e prontidão logística têm maior probabilidade de serem considerados em processos de aquisição.
A Embraer informou que a inclusão do A-29 no sistema da Otan representa uma etapa formal relevante na estratégia de internacionalização da aeronave. A empresa ressaltou que o reconhecimento contribui para facilitar negociações futuras com clientes que adotam os padrões logísticos da aliança.
Atualmente, a frota global de A-29 Super Tucano ultrapassa 260 unidades entregues a mais de 15 forças aéreas. A aeronave tem sido empregada em diferentes ambientes operacionais, incluindo missões em zonas montanhosas, regiões desérticas e áreas de floresta tropical.
A classificação SOC obtida no sistema NCS garante acesso mais amplo a catálogos técnicos e operacionais geridos de forma conjunta entre os países que utilizam a plataforma. Isso também possibilita, segundo especialistas, a redução de prazos em processos de manutenção, a padronização de peças e a simplificação de operações conjuntas.
Com a incorporação ao sistema de catalogação da Otan, o A-29 se torna elegível para processos de aquisição via programas de financiamento multilaterais.
Além disso, a medida pode impactar positivamente a estratégia de longo prazo da Embraer, que busca aumentar sua participação no mercado de defesa em regiões como Europa, América do Norte e Ásia.
A aprovação por parte da aliança militar se soma a outras certificações internacionais já obtidas pela empresa, incluindo validações operacionais conduzidas por órgãos de defesa dos Estados Unidos, da América Latina e do Oriente Médio.
O Super Tucano, por exemplo, é operado pela Força Aérea dos Estados Unidos em missões de treinamento e apoio tático no exterior.
A expansão do reconhecimento internacional dos produtos da Embraer ocorre no contexto do fortalecimento de sua divisão de Defesa e Segurança. O segmento representa uma das principais frentes de receita da companhia, ao lado da aviação comercial e executiva.
O impacto comercial da decisão da Otan ainda será avaliado nas próximas campanhas internacionais de vendas, mas especialistas apontam que a padronização do A-29 facilita o processo de homologação por parte de governos que seguem os parâmetros técnicos definidos pela aliança.
A Embraer mantém a expectativa de que o reconhecimento do A-29 contribua para consolidar sua presença como fornecedora global de aeronaves de defesa, especialmente em mercados que exigem compatibilidade com sistemas integrados e interoperáveis.