Trump tirou a máscara da hipocrisia estadunidense
por Francisco Celso Calmon
Os EUA são um país genocida. Exterminaram os indígenas e parte da sociedade civil de Hiroshima e Nagasaki, além de apoiarem e incentivarem outros genocídios, como o da faixa de Gaza pelo governo de Israel.
São um país beligerante, adepto à violência para resolver problemas, tanto interna quanto externamente, haja vista a quantidade de conflitos de guerra em que os Estados Unidos já participaram, provocaram e continuam participando, como no Reino Unido, Alemanha, Japão, Itália, França, Filipinas, México, Panamá, Granada, Iraque, Kuwait, Líbia, Síria, Iêmen, Líbano, Sérvia, Kosovo, Haiti, contando também com os países onde os EUA não foram vitoriosos, como Vietnã, Coreia do Norte, Laos, Camboja, Cuba, Somália e Afeganistão.
A democracia dos Estados Unidos é uma democracia canhestra, relativamente de castas marcadas, sem oportunidade para partidos menores crescerem e oferecerem um programa ou sistema alternativo à plutocracia, que é o sistema que reina naquele país.
Os EUA e sua elite acreditam crescentemente que são o povo escolhido para sobreviver a uma catástrofe. Daí as elites construírem plataformas no cosmo para o caso de uma guerra nuclear ou mesmo uma epidemia de proporções fora de qualquer controle.
É uma nação belicosa, genocida, preconceituosa, supremacista, imperialista e com um potencial neonazifacista muito forte. E isso não é uma questão de opinião, mas é o que a sua história mostra.
Os Estados Unidos foram formados pelas 13 colônias inglesas que se tornaram independentes após uma série de revoltas armadas contra a Coroa Britânica.
A Guerra de Independência, que durou cinco anos (1775-1780), contou com o apoio da França e da Espanha, interessadas em enfraquecer a Inglaterra, e consolidou os Estados Unidos como uma nação formada por vários Estados, que foram Massachusetts, Connecticut, Rhode Island, Maine, Delaware, Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland, Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia, e depois tiveram as anexações da Flórida, Louisiana, Alasca e as terras que antes pertenciam ao México, que agora são os estados da Califórnia, Texas, Utah, Novo México, Nevada e partes de Arizona, Colorado e Wyoming.
Após se autodeclararem independentes, começaram a usar ideologias e mitologias para construir a imagem de seu país, e como a maioria dos americanos naquela terra eram protestantes, usaram a política do Destino Manifesto:
“Era uma crença comum entre os habitantes dos Estados Unidos que dizia que os colonizadores americanos deveriam se expandir pela América do Norte. Ela expressa a crença de que o povo americano foi eleito por Deus para civilizar o seu continente.” (Wikipedia).
No século XVIII, os Estados Unidos iniciaram um planejamento para expandir suas terras em direção ao oeste, no entanto, essas terras já eram habitadas por povos indígenas que haviam sobrevivido à colonização europeia. Esse processo de expansão territorial foi marcado por um dos capítulos mais bárbaros da história dos EUA: o genocídio dos povos indígenas e a apropriação de suas terras.
Estimativas indicam que, antes da colonização, havia mais de 25 milhões de indígenas na América do Norte. Após as chamadas “guerras indígenas”, esse quantitativo foi reduzido para cerca de 2 milhões, significando menos de 10% da população original. O extermínio foi contínuo e brutal, envolvendo massacres, marchas forçadas e políticas de confinamento em reservas estéreis e inóspitas.
O extermínio indígena foi liderado por figuras como o presidente Andrew Jackson, que assinou o Indian Removal Act em 1830, autorizando a remoção forçada das tribos.
Jackson, conhecido por seu ódio aos indígenas, defendia a destruição de tribos inteiras em prol da extensão territorial.
Outro genocida sanguinário foi o general George Custer, cujas campanhas militares contra os Sioux e outras tribos nas Grandes Planícies resultaram em massacres como o de Wounded Knee (1890), onde mais de 250 indígenas, a maioria mulheres e crianças, foram impiedosamente assassinados pela Sétima Cavalaria.
A ideologia estadunidense transformou bandidos, pistoleiros e xerifes em heróis, disseminando a cultura da justiça pelas próprias mãos, pela qual todos os cidadãos devem portar armas e resolver seus conflitos, gerando jovens psicóticos, que extravasam suas mentes intoxicadas em assassinatos de estudantes em escolas e outros lugares. É uma sociedade enferma, na qual assassinar presidentes e atentar contra as suas vidas é histórico!
Hollywood glamourizou os assaltos, duelos, pistoleiros, justiceiros, e o machismo!
Além das ações militares, o governo dos EUA cometeu o etnocídio com a Lei Dawes Act (1887), que dividiu terras tribais em lotes individuais, visando enfraquecer a estrutura comunitária indígena e sistematizar o apagamento de sua cultura. Por exemplo, as crianças eram retiradas de suas famílias e inseridas em escolas residenciais, onde eram proibidas de praticar suas tradições e falar suas línguas nativas.
Os genocídios e etnocídios cometidos contra os povos indígenas são uma baliza da política do país de pregar a superioridade da raça branca e a necessidade de “civilizar” os povos nativos.
No mesmo século (século XIX), a Guerra de Secessão, entre os estados do Norte industrializados e os estados do Sul escravistas, nos mostra a predisposição do país de sempre resolver seus problemas com guerras. A batalha resultou em mais de 600 mil estadunidenses mortos e consolidou a abolição da escravidão com a 13ª Emenda Constitucional, embora não culturalmente, permanecendo o preconceito contra os negros e o sentimento de superioridade dos brancos.
Já no século XX, os EUA eram uma nação marcada pelo darwinismo social, imposto à sociedade, e a segregação aos negros ainda existia em diversos estados.
Na Primeira Guerra Mundial, a participação americana foi decisiva, com a mobilização de milhões de soldados e o fornecimento de recursos que ajudaram a garantir a vitória dos aliados. Esse fornecimento de recursos trouxe o marco da ascensão dos Estados Unidos como uma potência global.
Darwinismo social interno e malthusianismo externo!
No século XX, a quebra da Bolsa de Valores de Nova York em 1929 desencadeou a Grande Depressão, que afetou não apenas a economia americana, mas também a global.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos assumiram uma posição de protagonismo. A entrada oficial veio após o ataque a Pearl Harbor, quando os EUA declararam guerra ao Japão e, consequentemente, aos países do Eixo. A motivação principal era garantir a integridade do seu território e proteger seus interesses geopolíticos e econômicos, ou seja, não era uma luta contra a ideologia nazifascista.
Para falar da história da violência bruta dos Estados Unidos, é imprescindível registrar a segregação racial, que sempre perdurou, e foi institucionalizada pelo sistema de discriminação chamado Leis Jim Crow. Essas leis legalizavam a separação entre brancos e negros em espaços públicos, escolas, transportes e até mesmo no acesso aos direitos humanos.
A Ku Klux Klan, que foi iniciada no século XIX, tem ressurgimentos periódicos, contando com o que houve após a instauração do Jim Crow, e como vemos agora com o governo despótico de Donald Trump.
Os Estados Unidos intervieram fomentando golpes e ditaduras na América Latina, como a do Brasil.
O governo dos EUA apoiou o golpe militar de 1964, fornecendo recursos, planos para garantir o procedimento do golpe e legitimidade ao regime que se instalou. Esse apoio não se limitou ao Brasil; outras ditaduras na região, como as do Chile, Argentina e Uruguai, também receberam suporte político, financeiro e logístico dos EUA.
Sob o falso pretexto de combater um comunismo imaginário, estavam interessados, como ainda no presente, nas riquezas da América Latina.
Todas as suas ações desde seus primórdios mostram que a sua identidade é sua própria história: um país genocida, capitalista-imperialista, que não tem pudor, como agora com o governo do Trump, de assumir sem disfarces o objetivo de anexação de territórios alheios para expandir a “soberania americana”.
Eles recorrerão à guerra para não perderem a sua decadente majestade; ouvimos já os seus estertores com o megalômano ditador, alertado em priscas eras por sua genitora, Mary Anne MacLeod Trump, sobre o risco de sua entrada na política. Mãe sempre conhece as profundezas da alma de um filho!
O mundo não pode esperar dos EUA nada além ou diferente de sua história. De um país belicoso com um regime plutocrático, o mundo corre riscos reais de uma terceira guerra mundial.
Entre a decadência do sistema unilateral de poder e o surgimento do sistema multilateral; entre a manutenção da maior economia do mundo ameaçada pela economia chinesa; entre a maior potência militar do planeta versus a potência da aliança estratégica China-Rússia; entre o predomínio e uso fraudulento do dólar frente ao poder crescente dos BRICS e comercialização em outras moedas; os governantes da América do Norte optarão pela guerra, mesmo conscientes de que sobrarão poucos países; esses kamikazes preferem o risco, pois julgam que serão um dos sobreviventes e que o mundo novamente será dividido em dois polos.
Antes da globalização na década de 80, as economias nacionais eram fechadas e cada país procurando a sua autossuficiência. A política atual de Trump quer mudar o curso para um passado muitíssimo difícil de ser retomado sem dores de partos.
Trump é um autocrata, xenófobo e plutocrata de ideologia neonazifascista. Ele vive em prol do discurso da América para os norte-americanos em primeiro lugar e o mundo submisso. Se repararmos no início do fascismo na Itália e em seguida do nazismo na Alemanha, podemos verificar as enormes semelhanças com os objetivos e ameaças do pretenso ditador do mundo, Donald Trump.
A cara amarrotada do ditador estadunidense é o retrato de quem concentra ódio à humanidade.
O tratamento do Trump aos deportados brasileiros, ofende o Artigo 5° da Declaração dos Direitos Humanos, do qual os EUA são signatários: “Ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”.
Ele expulsa imigrantes como se fossem inerentemente criminosos, porém sua própria família tem sua história marcada pela migração, com sua mãe sendo escocesa, o pai filho de imigrantes alemães, e o seu próprio filho que também carrega DNA de imigrantes, pois sua mãe, esposa de Trump, a primeira-dama dos Estados Unidos, é uma mulher nascida e criada na Eslovênia.
Apesar de ser bravateiro e radicalizado no discurso, não se deve subestimar o caráter neonazifascista do criminoso no cargo de presidente. Ele terá como método o blefe do jogo de pôquer e irá aprender com o tempo que o “four de Ases” (quarteto de cartas) não é o maior jogo.
Trump não poderá mais ser candidato, a não ser que altere a Constituição americana, como o Deputado Andy Ogles já apresentou uma resolução para possibilitar uma possível reeleição de Trump em 2028.
Mantendo a Constituição, quem virá em seguida para dar sequência ao projeto megalomaníaco do ditador imperial?
A saudação de Elon Musk foi mais que um ato falho, foi um sinal para os nazistas de todos os países.
A indumentária da primeira-dama americana não foi uma questão de mau gosto ou moda, foi um sinal dos tempos espartanos que querem reviver o neonazifascismo.
Como a sociedade americana vai conviver com esse governo ditatorial será a variável capaz de impulsionar para a guerra nuclear ou frear os desatinos do megalômano IMPERADOR.
PS. Este artigo contou com a colaboração de Jade Silveira, estudante de ciências sociais.
Francisco Celso Calmon, analista de TI, administrador, advogado, autor dos livros Sequestro Moral – E o PT com isso?, Combates Pela Democracia; coautor em Resistência ao Golpe de 2016 e em Uma Sentença Anunciada – o Processo Lula. Coordenador do canal Pororoca e um dos organizadores da RBMVJ.
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