O Departamento de Defesa dos Estados Unidos suspendeu os envios de diversas categorias de armas fabricadas nos Estados Unidos para a Ucrânia, segundo reportagens da NBC News e da Politico. A decisão teria sido tomada após uma revisão interna dos estoques militares norte-americanos, determinada pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, diante da crescente preocupação com o ritmo de esgotamento dos arsenais.
A suspensão afeta dezenas de interceptores de mísseis Patriot, mísseis ar-ar Stinger e AIM, centenas de sistemas Hellfire e GMLRS, além de milhares de projéteis de artilharia de 155 mm, que Washington havia se comprometido a entregar a Kiev. Parte desses armamentos, que já se encontrava posicionada na Europa, foi retida antes de ser repassada às forças ucranianas, conforme informou a NBC.
As armas em questão haviam sido financiadas durante o governo de Joe Biden por meio de dois mecanismos: retiradas diretas dos estoques existentes do Exército norte-americano e o Ukraine Security Assistance Initiative (USAI), que contrata novas produções junto a empresas da indústria bélica. O governo de Donald Trump não solicitou novos pacotes de ajuda à Ucrânia, e os recursos disponíveis devem durar apenas “mais alguns meses”, segundo a Politico.
A vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Anna Kelly, defendeu a medida como um passo necessário para priorizar as necessidades de defesa dos próprios Estados Unidos. “Essa decisão foi tomada para colocar os interesses dos Estados Unidos em primeiro lugar, após uma revisão do Departamento de Defesa sobre o apoio militar do país a outras nações”, afirmou, sem confirmar os detalhes da suspensão.
Segundo a Politico, a decisão de congelar ou desacelerar a ajuda restante sem notificação formal ao Congresso pode levantar questionamentos legais, semelhantes aos do congelamento de parte da ajuda à Ucrânia durante o primeiro mandato de Trump, declarado ilegal pelo Government Accountability Office à época.
Enquanto isso, autoridades ucranianas têm manifestado repetidamente frustração com o que consideram uma redução no apoio vindo dos Estados Unidos. O presidente ucraniano Vladimir Zelensqui se reuniu com Donald Trump na cúpula da OTAN em Haia na semana passada, mas não recebeu nenhuma promessa concreta. Trump afirmou que os mísseis Patriot são “muito difíceis de conseguir” e que os EUA precisam deles para sua própria defesa e para “Israel”.
Trump declarou que pretende negociar um cessar-fogo com a Rússia e encerrar a guerra. O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, afirmou no mês passado que o governo norte-americano está reduzindo o financiamento militar à Ucrânia como parte da política trumpista de “Estados Unidos em Primeiro Lugar” e com o objetivo de alcançar uma solução diplomática.
No início do ano, o governo Trump assinou um acordo que dá aos Estados Unidos acesso prioritário às riquezas minerais da Ucrânia — passo que, segundo a Casa Branca, permitirá ao país “recuperar” parte dos bilhões gastos durante o governo Biden.
Um artigo publicado pela revista britânica The Economist no dia 30 de junho de 2025 revela uma importante mudança de tom na avaliação da guerra pela imprensa imperialista. O artigo não consegue esconder que, na Rússia, a vida social está funcionando normalmente, enquanto o país trava uma guerra prolongada na Ucrânia. A mensagem implícita é clara: apesar das sanções, do isolamento e do custo humano da guerra, a Rússia está ganhando.
A matéria descreve uma cidade tomada por flores, festivais, feiras gastronômicas, shows ao ar livre e turistas internos. Segundo a reportagem, “a cidade parece um imenso canteiro de flores”. Nada disso se assemelha ao retrato esperado de um país sitiado ou prestes a ruir. Pelo contrário: a infraestrutura urbana é mostrada como superior à de capitais europeias decadentes — que The Economist cita como sujas, inseguras e malcuidadas.
No mesmo dia em que a Economist publicou o artigo, a República Popular de Lugansk declarou que seu território foi totalmente “desnazificado”, ou seja, libertado do controle ucraniano. O anúncio foi feito pelo governador Leonid Pasechnik a uma emissora estatal russa. A libertação é uma conquista central da operação militar russa iniciada em fevereiro de 2022, que, segundo o presidente Vladimir Putin, buscava proteger a população russófona no Donbas.