Depois de nove dias de ataques de Israel contra o Irã, os Estados Unidos entraram de forma direta na guerra ao atingirem instalações nucleares do país persa no sábado (21). O ataque evidencia o mergulho norte-americano no apoio à causa sionista, em que o Estado judeu, após cometer genocídio em Gaza, pretende eliminar o que entende como opositores no Oriente Médio.

Mísseis dos EUA acertaram infraestruturas nas cidades de Isfahan e Natanz, que já haviam sido agredidas por israelenses, e também em Fordow, considerado um alvo primário. Com esta ação, o presidente Donald Trump antecipa a decisão sobre o envolvimento do país no conflito, apesar de ter afirmado que tomaria uma decisão sobre o tema em duas semanas. Assim, o tempo mencionado para pensar sobre a participação nas agressões nada mais foi do que apenas um ato para ganhar tempo diante do teatro trágico que ele mesmo encenou.

Leia mais: Irã acusa G7 de escolher lado e ignorar agressões de Israel

O governo do republicano sopesava as pressões internas que receberia, uma vez que uma das promessas de campanha de Trump era não se envolver em questões distantes de seu país, no que classificava como “guerras inúteis”. Porém, essa promessa foi deixada de lado.

Dessa maneira, torna-se inequívoco que os EUA estavam envolvidos neste conflito desde o cerne com Israel. Portanto, ao atacarem eles mesmos o Irã, só reforça o que já era evidente.

O próprio Ministério da Defesa de Israel divulgou, sem maiores detalhes, que coordenou o ataque promovido pelos norte-americanos.

Discurso

Ainda na noite de sábado, Trump fez um pronunciamento na televisão, em que afirmou que a ação teve como finalidade acabar com o programa nuclear do Irã. Além dos ataques já realizados, ele ameaçou os iranianos com novos bombardeios caso não interrompam o enriquecimento de material atômico. Com seu linguajar vulgar habitual, demonstrou mais uma vez que trata de maneira irresponsável um assunto sério que envolve a vida de milhões de pessoas.

Ao se referir ao Irã, chamou o país de “valentão do Oriente Médio” que agora deve se render à sua vontade, caso contrário, novos ataques “maiores e mais fáceis”, como disse, serão realizados. Também insistiu, sem provas, que iranianos produziam material nuclear para fins bélicos e de financiamento ao terrorismo, além de promoverem “morte à América e a Israel”. No entanto, a conveniência de Trump se esquece de que os israelenses iniciaram o conflito em que agora os norte-americanos participam diretamente – situação que escancara seu cinismo sob os olhares de todo o mundo.

Leia mais: Ameaças de Trump para “mudança de regime” no Irã elevam tensão no Oriente Médio

Outro ponto enjoativo do discurso do presidente dos EUA foi quando parabenizou o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, pelos ataques ao país persa. Ele se referiu a Netanyahu como ‘Bibi’.

A fala aconteceu na Casa Branca. Acompanhavam Trump o vice-presidente, J. D. Vance, o secretário de Defesa, Pete Hegset, e o secretário de Estado, Marco Rubio.

Alguns parlamentares do Partido Democrata já disseram que pretendem reagir a Trump, inclusive com pedido de impeachment, pois para o país entrar em uma guerra é necessária a aprovação do Congresso.

Israel agradece

Por sua vez, Netanyahu, que insistia pelo envolvimento dos EUA como forma de respaldar seus atos genocidas e aumentar seu poderio militar, agradeceu a Trump.

‘Bibi’ falou em decisão ousada que “mudará a história” com o ataque ao que chamou de “regime mais perigoso do mundo”.

Reação

Os iranianos mantiveram a reação contra Israel neste domingo (22), mesmo depois da agressão sofrida em seu território. Mísseis atingiram a capital Tel Aviv, principalmente no bairro Ramat Aviv.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, buscava uma negociação, em especial com países europeus, para o cessar-fogo. Mas agora, depois dos novos acontecimentos, afirmou que o país se reserva o direito de proteger sua soberania, pois os EUA “cruzaram uma linha vermelha muito grande” com a traição de Trump ao Irã e aos norte-americanos.

 O chanceler conclamou a comunidade internacional e ao Conselho de Governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para condenarem a violência cometida contra o país. Como explica, os EUA violaram a Carta das Nações Unidas e o tratado de não proliferação nuclear ao atingirem as instalações nucleares pacíficas do Irã.

ONU

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que na sexta-feira (20) havia demonstrado preocupação e pedido uma solução pacífica durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, lamentou o uso da força pelos Estados Unidos contra o Irã.

Guterres disse estar “gravemente alarmado”. Ele reiterou a solicitação “para que reduzam a tensão e cumpram suas obrigações sob a Carta da ONU e outras normas do direito internacional”.

Enquanto isso, países europeus como França, Alemanha e Reino Unido, que negociavam somente com iranianos uma saída sem armas (Israel se negou a fazê-lo), até o momento se mantêm calados sobre a ofensiva contra as instalações nucleares. Esses países são responsáveis por parte do fornecimento bélico às forças sionistas.

Categorized in:

Governo Lula,

Last Update: 22/06/2025