
Em sua coluna no Jornal O Globo deste domingo (16), a jornalista Míriam Leitão diz que a economia derrotará o presidente dos EUA, Donald Trump e que a democracia no Brasil vive em um “pêndulo perigoso” e “não está fora de perigo”. Confira trechos:
A economia vencerá Donald Trump. Ela é o que é. Não aceita desaforos e responde sempre. A guerra tarifária é inflacionária e a inflação é uma velha inimiga da popularidade. A incerteza provocada por um líder bélico, errático, randômico, vai paralisar decisões. A economia não gosta da dúvida. Ela é o que é. O grande desafio neste momento vai além da economia. Ainda é a democracia que está num pêndulo perigoso. A nossa, custou muito caro e ontem completou 40 anos. Jovem a nossa democracia, mas é a mais longeva que tivemos. Preciosa. Viveu sustos recentes e não está fora de perigo. (…)
A economia responderá de várias formas aos ataques de Trump. As tarifas vão impactar os preços de muitos produtos já que ele está criando barreiras à entrada para todos os países. Não haverá fornecedor alternativo para o aço brasileiro, porque os competidores também estão sendo taxados. Esse é só um exemplo. (…)

Momento estranho no mundo. Os consumidores são intolerantes a preços altos, mas os eleitores têm sido permissivos com os ataques ao arcabouço institucional. Donald Trump afrontou a Constituição em cena pública. “To the Capitol”, instigou. A multidão fez o que escandalizaria os Founding Fathers, invadiu o Capitólio. Mesmo assim, Trump voltou coberto de glória. Nesta segunda estadia na Casa Branca, radicalizou seus ataques à democracia americana e às alianças tecidas na cicatrização das feridas da grande guerra. Tudo está ficando fora da ordem na velha ordem mundial. E não para melhor.
Trump prometeu inflação baixa. O índice estava caindo no fim do governo Joe Biden, mas ficou o travo da carestia. Os preços subiam menos, mas estavam altos demais. Trump aproveitou esse desgosto. (…)
A economia derrotará Trump porque ele está convocando muitos fantasmas ao mesmo tempo. As imprevisibilidades que semeou podem levar as empresas a não investir e derrubar o crescimento. (…)
Os adoradores de Trump no Brasil estão em apuros. O que ele tem feito para seguir o ideal “Make America Great Again” pressupõe diminuir os outros. Nós estamos entre os outros. Três bilhões de dólares em nosso saldo comercial foram alvejados só com a medida do aço. Haverá outras. Os bonés pesarão sobre certas cabeças. (…)
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