No mais recente capítulo do TACOTrump Always Chickens Out (“Trump sempre dá para trás”) —, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta segunda-feira (11) uma ordem executiva prorrogando por 90 dias a trégua tarifária com a China.

A decisão, confirmada pela Casa Branca e pelo ministério do Comércio chinês, evitou que, a partir desta terça-feira (12), tarifas de até 145% fossem aplicadas sobre produtos chineses e de 125% sobre produtos norte-americanos. 

A medida garante um alívio temporário para os mercados e para varejistas que se preparam para a temporada de compras de fim de ano, mas mantém as relações comerciais em terreno frágil.

A prorrogação foi anunciada após duas semanas de sinais contraditórios vindos de Washington. 

Em 29 de julho, negociadores de China e EUA encerraram a terceira rodada de conversas em Estocolmo, na Suécia, sem anúncio oficial, mas já deixando pistas de que o prazo seria estendido. 

O entendimento firmado prevê que, durante a extensão, nenhum dos dois países aplicará tarifas adicionais nem adotará novas medidas de escalada no conflito comercial.

No fim de semana, Trump voltou a colocar pressão pública sobre Pequim ao exigir que a China quadruplicasse suas compras de soja americana — um dos principais produtos exportados pelos EUA para o país asiático. 

“A China está preocupada com sua escassez de soja. Nossos grandes agricultores produzem as sojas mais robustas”, disse o presidente nas redes sociais. A demanda foi recebida com ceticismo por analistas, que consideram improvável um salto de consumo dessa magnitude em tão pouco tempo.

Efeitos econômicos imediatos e vantagens para a China

A decisão mantém congeladas as tarifas atuais: 30% aplicadas pelos EUA sobre importações chinesas e 10% impostas pela China sobre produtos americanos. O congelamento evita, por ora, um cenário próximo de embargo comercial, que atingiria em cheio setores como eletrônicos, vestuário e brinquedos às vésperas da temporada de importações para o Natal.

Os dados mais recentes mostram que, em julho, as exportações chinesas para os EUA caíram 21,7% na comparação anual, enquanto os embarques para o Sudeste Asiático cresceram 16,6%. 

Analistas apontam que parte desse aumento pode estar ligada a estratégias de transbordo, em que mercadorias são redirecionadas por terceiros países antes de chegar ao mercado norte-americano. 

Pequim também mantém poder de barganha ao controlar o fornecimento de minerais de terras raras, essenciais para a indústria de alta tecnologia, e busca negociar o alívio de restrições norte-americanas à venda de semicondutores e equipamentos avançados.

Próximos passos e tensão geopolítica

A extensão de 90 dias abre caminho para uma possível reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, antes do fim do ano — seja durante a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), em outubro, na Malásia, ou em eventual visita a Pequim. 

Fontes ligadas às negociações afirmam que um acordo mais amplo poderia incluir compras chinesas adicionais de energia, produtos agrícolas e tecnologia, caso Washington flexibilize os controles de exportação.

No entanto, a diplomacia segue pressionada por disputas paralelas. Os EUA querem que a China reduza suas importações de petróleo russo, com ameaça de aplicar tarifas secundárias para punir essa relação. 

Para analistas, a trégua funciona mais como um respiro temporário do que como uma solução definitiva — e, se não houver avanços até novembro, o conflito tarifário pode voltar a escalar com força.

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Last Update: 12/08/2025