O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebe nesta terça-feira 4 na Casa Branca o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que enviará esta semana uma delegação ao Catar para retomar as negociações sobre o cessar-fogo em Gaza.

Netanyahu é o primeiro governante estrangeiro convidado à Casa Branca desde o retorno de Trump ao poder, em 20 de janeiro, um símbolo da relação estreita entre o líder israelense e o magnata republicano.

Antes da reunião, o gabinete de Netanyahu anunciou que enviará “no final da semana” uma delegação ao Catar para discutir as próximas fases do cessar-fogo em vigor em Gaza desde 19 de janeiro.

O Hamas anunciou, nesta terça, o início das negociações com Israel sobre a segunda fase da trégua em Gaza, um diálogo celebrado graças aos mediadores.

“Os contatos e as negociações para a segunda fase começaram”, afirmou, em um comunicado, o porta-voz do Hamas, Abdel Latif al Qanu. O movimento islamista palestino, que governa Gaza, não especificou quem o representa neste diálogo.

Na segunda-feira, duas fontes do Hamas afirmaram à AFP que o movimento estava “pronto” para retomar as conversações e que aguardava a convocação dos mediadores (Catar, Egito e Estados Unidos).

O acordo de trégua permitiu a interrupção de mais de 15 meses de uma guerra devastadora entre Israel e o movimento islamista Hamas e a libertação de vários reféns israelenses em troca da libertação de centenas de prisioneiros palestinos.

O pacto contempla três fases. A primeira, de seis semanas, também deve servir para negociar os detalhes da segunda, que deve incluir a libertação dos demais reféns ainda vivos e o fim definitivo da guerra.

O conflito começou em 7 de outubro de 2023 com o ataque surpresa do Hamas contra o sul de Israel, que provocou as mortes de 1.210 pessoas, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.

Israel respondeu com uma campanha aérea e terrestre contra Gaza que devastou o território e deixou pelo menos 47.487 mortos, segundo dados do Ministério da Saúde do governo do Hamas, que a ONU considera confiáveis.

Em seu ataque, os milicianos islamistas também sequestraram 251 pessoas. Destas, 76 permanecem retidas em Gaza, mas o Exército israelense considera que 34 morreram em cativeiro.

Quando a primeira fase da trégua acabar, o Hamas ainda terá quase 50 reféns, entre vivos e mortos.

Apesar da trégua, a tensão prossegue. Nesta terça-feira, dois soldados israelenses morreram depois que um homem abriu fogo contra um posto militar na Cisjordânia ocupada, onde o Exército executa uma ampla operação há vários dias. O agressor foi morto pelas forças de segurança.

“Redesenhar” o mapa do Oriente Médio

Antes de viajar, Netanyahu afirmou que “trabalhando de maneira estreita” com Trump seria possível “redesenhar ainda mais” o mapa do Oriente Médio.

O presidente republicano gerou polêmica internacional recentemente ao propor “limpar” Gaza e transferir seus habitantes para locais “mais seguros”, como Egito e Jordânia, que imediatamente afirmaram que são contrárias à ideia.

Também questionou a continuidade do acordo de trégua em Gaza, apesar de, no momento do anúncio, poucos dias antes de sua posse, ter reivindicado um papel fundamental na concretização do cessar-fogo.

Seu emissário especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, expressou um leve otimismo e disse que acredita em “libertar os reféns, salvar vidas e chegar a uma resolução pacífica de tudo”.

A recusa de Jordânia e Egito a receber os 2,4 milhões de habitantes de Gaza não parece desanimar Trump, que aborda cada desafio diplomático como a negociação de um contrato econômico.

“Fazemos muito por eles e eles vão fazer”, insistiu na quinta-feira da semana passada.

O presidente republicano receberá em 11 de fevereiro o rei Abdullah II da Jordânia e conversou no sábado (1º) com seu homólogo egípcio, Abdel Fatah al Sisi.

A Jordânia já abriga quase 2,3 milhões de refugiados palestinos e o Egito tem uma fronteira com a Faixa de Gaza crucial para a entrada da ajuda humanitária que o território tanto precisa.

Em uma mudança expressiva em relação ao seu antecessor, Joe Biden, Trump desbloqueou a entrega a Israel de bombas de 900 quilos que havia sido suspensa pelo democrata. Também anulou as sanções financeiras que o ex-presidente havia determinado contra colonos israelenses acusados de violência contra palestinos na Cisjordânia.

O novo presidente também pode abordar com o convidado o tema da normalização das relações entre Israel e Arábia Saudita, potência regional no Oriente Médio, pelo qual já trabalhou durante seu primeiro mandato.

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Last Update: 04/02/2025