Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

A Suprema Corte dos Estados Unidos tomou uma decisão polêmica nesta segunda-feira (8), autorizando o governo do presidente Donald Trump a continuar realizando detenções de imigrantes com base em características como raça ou idioma. O tribunal atendeu ao pedido do Departamento de Justiça para suspender temporariamente a ordem da juíza Maame Frimpong, de Los Angeles, que impedia agentes de imigração de deterem pessoas sem “suspeita razoável”, com base, por exemplo, no fato de falarem espanhol ou inglês com sotaque.

Na decisão, a juíza Frimpong havia argumentado que as ações do governo Trump violavam a Quarta Emenda da Constituição dos EUA, que protege contra buscas e apreensões sem justificativa adequada.

A ordem que foi suspensa pelo tribunal de apelações se aplicava a grande parte do sul da Califórnia, uma região com significativa população latina. A decisão foi vista como uma derrota para os defensores dos direitos dos imigrantes, e a movimentação de Trump também gerou fortes reações no país.

O caso começou com uma ação coletiva movida por um grupo de latinos, que alegaram ter sido alvo de detenções e abusos por parte do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE) durante operações de fiscalização. Entre os demandantes está Jason Gavidia, que relatou ter sido agredido por agentes após ser questionado sobre sua cidadania, mesmo sendo um cidadão estadunidense.

“Indivíduos de pele morena são abordados ou afastados por agentes federais não identificados, de repente e com uma demonstração de força, e obrigados a responder perguntas sobre quem são e de onde vêm”, afirmaram os demandantes no processo.

Em um esforço para reverter a decisão da juíza Frimpong, o Departamento de Justiça argumentou que, embora ninguém concorde que falar espanhol ou trabalhar na construção civil deva ser motivo de suspeita, os agentes de imigração têm o direito de se basear em tais fatores ao intensificar a aplicação das leis de imigração. A Suprema Corte, com sua maioria conservadora de 6 a 3, deu respaldo ao governo Trump, permitindo que as detenções com base em raça ou idioma continuassem, ao menos temporariamente.

O governo Trump também tem intensificado suas operações de imigração em vários estados, como demonstrado pela recente ação em uma fábrica de baterias da Hyundai, no estado da Geórgia. Na quinta-feira (4), autoridades de imigração prenderam 475 trabalhadores, alegando que muitos não tinham permissão para trabalhar nos Estados Unidos e possuíam apenas vistos temporários para turismo e negócios.

A operação foi realizada pelo ICE com mandados de busca autorizados pela Justiça, por práticas ilegais de emprego e outros crimes federais em andamento.

Durante uma coletiva de imprensa no Salão Oval, o presidente Trump defendeu a ação, afirmando que os detidos eram “imigrantes ilegais” e que as autoridades estavam “fazendo seu trabalho”.

O Departamento de Segurança Interna dos EUA divulgou um comunicado em que afirmou que a operação visava “garantir igualdade de condições para empresas que cumprem a lei” e proteger a economia do país. Segundo o comunicado, alguns trabalhadores tentaram fugir durante a operação, com algumas pessoas sendo resgatadas de um lago de esgoto nas imediações da fábrica.

A operação em questão foi descrita como a maior fiscalização de imigração em um único local na história do Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS). As detenções causaram interrupções nas atividades da fábrica, um dos maiores investimentos da Hyundai no país.

Em resposta à operação, o Partido Democrata da Geórgia condenou a ação, chamando-a de “táticas de intimidação politicamente motivadas”, projetadas para “aterrorizar pessoas que trabalham duro para sobreviver e contribuem para a economia e as comunidades da Geórgia”.

Por outro lado, a Casa Branca, por meio de sua porta-voz Abigail Jackson, defendeu a continuidade da aplicação das leis de imigração, afirmando que os trabalhadores estrangeiros devem entrar nos Estados Unidos legalmente e com as autorizações necessárias para trabalhar. “O presidente Trump continuará cumprindo sua promessa de tornar os Estados Unidos o melhor lugar do mundo para fazer negócios, ao mesmo tempo em que aplicará as leis federais de imigração”, afirmou Jackson.

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Last Update: 08/09/2025