O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou a pressão sobre o setor energético norte-americano em 23 de junho, após uma série de interrupções no tráfego de petroleiros na região do Estreito de Ormuz.

Através de publicações em redes sociais, Trump acusou os produtores de petróleo de contribuírem com os adversários do país e solicitou ao Departamento de Energia que aumentasse imediatamente a produção nacional.

Em uma de suas declarações, Trump utilizou a expressão “Perfure, baby, perfure”, retomando o discurso que marcou sua política energética durante o mandato anterior. A reação ocorreu horas depois de ao menos dois superpetroleiros alterarem suas rotas na região do Golfo Pérsico, o que contribuiu para a elevação dos preços do petróleo ao maior nível dos últimos cinco meses.

Dados de rastreamento das plataformas Kpler e LSEG indicam que as embarcações Coswisdom Lake — fretada pela chinesa Unipec — e South Loyalty — programada para carregar petróleo bruto iraquiano — reverteram seus cursos ao se aproximarem do Estreito de Ormuz em 22 de junho. Após interrupções, ambas retomaram suas rotas parcialmente, mas o episódio gerou atrasos generalizados no transporte de petróleo na região.

Segundo a consultoria Sentosa Shipbrokers, o volume de navios petroleiros, tanto carregados quanto vazios, que atravessaram o Estreito de Ormuz caiu 27% e 32%, respectivamente, na última semana.

Parte das embarcações ancorou nas proximidades de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, enquanto outras foram desviadas para a costa de Omã. Companhias de navegação como Nippon Yusen e Mitsui OSK Lines instruíram suas tripulações a reduzirem o tempo de permanência no Golfo.

As declarações de Trump ocorreram no mesmo período em que seu grupo político tem reforçado propostas para acelerar a produção de combustíveis fósseis. A equipe do ex-presidente defende a flexibilização de regras ambientais, a ampliação da perfuração em áreas públicas e a eliminação de barreiras regulatórias para empresas de energia.

“Temos a maior quantidade de petróleo e gás de qualquer país na Terra – e vamos usá-los”, disse Trump em declaração feita no início deste ano, que voltou a ser repercutida diante dos recentes desdobramentos no Oriente Médio.

A Chevron, uma das maiores produtoras de petróleo dos Estados Unidos, informou um crescimento de 19% em sua produção ao longo de 2024. No entanto, executivos da empresa destacam que o aumento da oferta está condicionado à revisão legislativa sobre os processos de licenciamento de infraestrutura energética. Representantes do setor também apontam a volatilidade dos mercados e disputas judiciais como obstáculos ao crescimento acelerado da produção.

A tensão no Estreito de Ormuz ganhou novos contornos após o parlamento iraniano aprovar uma medida para fechar a passagem marítima, que ainda aguarda a autorização de instâncias superiores do país. Embora o estreito continue operando, o anúncio elevou a percepção de risco para o comércio global de petróleo e aumentou a pressão para que os Estados Unidos adotem ações de resposta imediata.

O Estreito de Ormuz é um dos principais pontos estratégicos para o transporte marítimo de petróleo no mundo. Cerca de um quinto do petróleo comercializado globalmente passa por essa rota. A instabilidade na região é observada com atenção por governos, empresas de energia e mercados financeiros.

A Casa Branca, sob orientação do grupo de Trump, está mobilizando esforços para revisar políticas energéticas nacionais em resposta à emergência declarada no setor. Entre as prioridades estão o incentivo à perfuração em terras federais e o destravamento de projetos que envolvem gasodutos e refinarias.

A decisão de Trump de se manifestar publicamente sobre o tema ocorre em meio a disputas internas sobre a condução da política energética dos Estados Unidos. Enquanto a atual administração adota uma abordagem mista entre expansão da energia limpa e manutenção de reservas fósseis, o ex-presidente tem reforçado o discurso de autossuficiência e independência energética por meio da exploração intensiva de petróleo e gás.

Empresas do setor aguardam os desdobramentos da proposta iraniana e as respostas das autoridades americanas. O mercado global permanece instável diante do risco de bloqueio da principal via marítima de exportação de petróleo do Oriente Médio.

O aumento dos preços, registrado logo após os desvios de rota dos petroleiros, reacendeu o debate sobre a vulnerabilidade das cadeias logísticas energéticas e o papel dos Estados Unidos no abastecimento global. Para Trump e aliados, a solução está na produção interna em larga escala. O Departamento de Energia, segundo fontes próximas à equipe do ex-presidente, já recebeu orientações para revisar metas e acelerar projetos em andamento.

Com o avanço da tensão geopolítica, os próximos dias deverão ser decisivos para a definição de novas diretrizes de produção e exportação de petróleo por parte dos Estados Unidos. O impacto potencial sobre o mercado global dependerá da resposta política e operacional à ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz e da capacidade do país de elevar sua produção rapidamente.

Com informações do The Cradle

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Last Update: 25/06/2025