Uma nova pesquisa da CNN conduzida pela SSRS revela que a maioria dos americanos desaprova a gestão econômica do presidente Donald Trump. Com 56% de desaprovação nessa frente, esse índice é o pior de seu mandato, refletindo a preocupação dos eleitores com os impactos das tarifas impostas por sua administração. Apesar disso, Trump obteve aprovação recorde em sua política de imigração, com 51% de apoio, impulsionado por medidas mais rigorosas de fiscalização.

A divisão partidária é evidente: enquanto republicanos são dez vezes mais propensos a apoiar Trump, democratas expressam forte oposição. Seu índice geral de aprovação está em 45%, com 54% de desaprovação, um patamar de estabilidade. O sentimento geral sobre o país também está dividido: apenas 35% dos americanos acreditam que a nação está no caminho certo, embora esse número tenha aumentado desde janeiro.

A economia continua a ser a principal questão para os americanos, com 42% apontando-a como sua maior preocupação, superando outros temas como democracia (19%), funcionamento do governo federal (14%) e imigração (12%). Entre democratas, a preocupação com a economia é secundária apenas à situação da democracia, enquanto para republicanos e independentes, é a prioridade absoluta.

Para 57% dos entrevistados, Trump falha em abordar os problemas mais urgentes do país.

Política tarifária gera instabilidade

Os mercados financeiros reagiram negativamente às tarifas impostas por Trump, que vêm causando incertezas para empresas e consumidores. As políticas comerciais de Trump são apontadas como risco iminente. Com tarifas recentes sobre aço e alumínio — seguidas de retaliações internacionais —, os mercados financeiros reagiram com volatilidade: o Nasdaq entrou em correção, e o S&P 500 aproximou-se do mesmo destino.

O “Fear and Greed Index” da CNN indica um clima de “medo extremo” em Wall Street, com investidores preocupados com os impactos das tarifas no crescimento econômico. Analistas alertam que a economia resiliente dos EUA pode estar ameaçada por essas medidas protecionistas, que podem desacelerar o consumo e aumentar os preços para os consumidores.

Especialistas alertam para os efeitos cascata. Larry Summers, ex-secretário do Tesouro, criticou as tarifas como “ferida autoinfligida” à indústria americana. “Aumentar o preço de insumos essenciais para as indústrias de manufatura dos EUA — que empregam 10 milhões de pessoas — é o que um adversário dos EUA faria”, Summers postou no X terça-feira.

Já a Casa Branca defende a medida como “corte de impostos para o povo”, argumentando que trará empregos de volta. Enquanto isso, previsões econômicas sinalizam recessão no PIB deste trimestre.

Musk e cortes no governo dividem opiniões

Trump também tem enfrentado resistência em sua agenda de cortes no governo federal e na influência de Elon Musk nessa política. A parceria de Trump com Elon Musk, bilionário nomeado para liderar mudanças na gestão federal, enfrenta rejeição pública: 53% avaliam Musk negativamente, e 60% questionam sua capacidade de reformar o governo. Até entre apoiadores do presidente, 28% duvidam do julgamento do magnata.

Apenas 35% dos americanos têm uma visão favorável de Musk. Além disso, 62% dos entrevistados temem que os cortes do governo sejam excessivos, resultando na perda de programas essenciais. Cortes em agências federais, impulsionados por Musk, já impactam empregos: setores como educação e saúde perderam 28 mil vagas em fevereiro. Em contraste com 37% que acreditam que os cortes não são suficientes para eliminar fraudes e desperdícios.

Impacto no futuro econômico

A recente volatilidade econômica levanta questões sobre a sustentabilidade das políticas de Trump. Os gastos do consumidor, que representam 70% da economia americana, dá sinais de esgotamento, e a previsão de crescimento para o trimestre sugere uma contração de 2,4%. Setores como varejo e aviação já demonstram sinais de retração, e economistas alertam para um risco crescente de recessão se a incerteza econômica persistir.

Walmart e Delta revisaram lucros para baixo, citando “incerteza econômica”. O índice de vendas no varejo em março foi o mais fraco desde 2022, e o sentimento do consumidor atingiu mínimas históricas com cancelamentos generalizados de viagens de lazer.

Se Trump está buscando uma “vitória” com tarifas, sua política comercial pode chocar a economia tão severamente que acabaria com o problema da inflação nos Estados Unidos. Como Javier Milei na Argentina, a inflação cai porque a maioria já não tem mais dinheiro ou emprego pra comprar nada.

Apesar de Trump celebrar a queda da inflação (2,8%) e dos preços da gasolina, analistas veem um alívio frágil. “A inflação está como uma fogueira: se esfriar demais, apaga a economia”, explica Philippa Dunne, do Liscio Report. O Goldman Sachs elevou para 20% o risco de recessão, enquanto Larry Summers vê “possibilidade real” de crise.

Trump herdou uma economia resiliente, mas sua agenda comercial caótica — marcada por tarifas imprevisíveis e cortes radicais — ameaça transformar crescimento em recessão. Enquanto o presidente culpa antecessores pelas más notícias e se vangloria de indicadores isolados, a combinação de desaceleração no consumo, demissões em setores-chave e retalições internacionais pressionam os EUA rumo a um abismo.

A pesquisa da CNN/SSRS, realizada entre 6 e 9 de março com 1.206 adultos (margem de erro de ±3,3 pontos), confirma: para a maioria dos americanos, o legado econômico de Trump pode ser definido não por conquistas, mas por riscos criados por suas próprias mãos.

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Last Update: 18/03/2025